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Aliança da Soja

Conectividade no campo pode trazer economia de R$ 178 por hectare

Especialistas mostram que agricultura de precisão visa redução de custos e aumento de produtividade

Os primeiros registros da agricultura de precisão no Brasil são da década de 1990. De lá para cá, a inovação avançou em ritmo acelerado e expandiu ainda mais com a conectividade. Atualmente, são mais de seis milhões de hectares cobertos com sinal de internet distribuídos em oito estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul.

E o resultado prático disso tudo se traduz em economia ao produtor rural. Prova disso é que estudos da ConectarAgro – associação que busca viabilizar a internet 4G em áreas rurais do Brasil – mostram redução de 178 reais por hectare em custos operacionais em lavouras que contam com esse tipo de tecnologia. De acordo com o membro da entidade, Giancarlo Fasolin, tal suporte ao produtor traz decisões melhores e em momentos mais adequados. “Um técnico, por exemplo, não tem necessidade de ir até o campo para fazer a manutenção de uma máquina. Esse serviço pode ser executado de forma remota, mas, para isso, é preciso conectividade”, explica.

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Foto: Divulgação

O produtor rural Dario Salvetti, que possui fazenda em Ubiratã, região oeste do Paraná, é um exemplo de homem do campo que utiliza a tecnologia a favor da rentabilidade. Em sua propriedade, o cultivo de soja se estende por três gerações e a aplicação de insumos com taxa variável trouxe ganhos de 20% na produtividade.

“Fizemos a aquisição de máquinas que nos proporcionam uma melhor economia e rentabilidade, como um pulverizador que nos traz economia de 5% por ter o sistema bico a bico”, conta. “Hoje em dia, utilizamos muito a internet em nossa propriedade para fazer os planejamentos de atividades futuras. Após a implantação do plantio, fazemos o monitoramento das lavouras de lote a lote, com imagens via satélite e, assim, podemos acompanhar se há algo de anormal, podendo ir nos pontos específicos para verificação”, completa.

Conectividade: capacitação no uso

O coordenador de difusão agrodigital da Cotrijal, Leonardo Kerber, afirma que imagens de satélite, como as utilizadas por Salvetti, podem ser adotadas em todas as propriedades, sejam pequenas, médias ou grandes. “A maior ou menor adoção das tecnologias está diretamente ligada ao seu entendimento e aos benefícios que ela trará. O produtor é pragmático, então a tecnologia tem de trazer ou maior resultado ou redução de custos”, enfatiza.

Já o engenheiro agrônomo e consultor José Luís Coelho enfatiza que é necessário ter o equipamento para o homem e o homem preparado para lidar com o equipamento. “Existe muita tecnologia no que chamamos de Agricultura 5.0, só que, infelizmente, em muitos lugares, as pessoas acabaram ficando com o conceito equivocado que basta simplesmente adquirir um pacote tecnológico que já está tudo resolvido, mas não é bem assim”, alerta.

Coelho destaca que, acima de tudo, a agricultura de precisão tem como foco a redução de custos, principalmente com insumos, além do aumento de produtividade. “Hoje já é possível fazer algumas amostragens localizadas para que na hora de aplicação de corretivos, seja calcário, gesso ou outro, execute-se uma aplicação colocando em cada metro quadrado do terreno aquilo que exatamente o solo necessita”, diz.

Trator autônomo – Foto: John Deere/divulgação

Nessa esteira, segundo ele, o mundo caminha a passos largos em direção a máquinas autônomas. “A tecnologia para isso existe há mais de 30 anos, mas foi barrada por questões econômicas ou legais. Atualmente no Brasil, por exemplo, não se pode ter um trator que opere sozinho, mas já temos máquinas capazes de fazer o trabalho autônomo. Em mecanização, vem por aí uma geração de máquinas inteligentes, capazes de tomar decisões em cima de algoritmos […]. O trinômio de otimizar a mão de obra, reduzir custos e produzir com sustentabilidade é a direção onde apontam todas as novidades e inovações que os sistemas mecanizados estão trazendo para o homem do campo”, sinteiza.

Fasolin, da ConectarAgro, lembra que, no Brasil, 85% da população vive em cidades. “Desses, 98% têm acesso à internet. Por outro lado, no campo, apenas 11% das pessoas possuem esse mesmo acesso. A oportunidade é imensa e o trabalho a ser feito em prol da conectividade é muito grande”, constata.

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