Os desafios na logística de escoamento de grãos foram tema do programa Aliança da Soja desta segunda-feira (7). Aumento nos preços do frete em 2022, a diversificação da matriz de transporte e estratégias para amenizar o custo de produção estão entre os assuntos abordados. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em três anos, se houver a implantação prevista da Lei da BR do Mar, deve se ampliar a frota para transporte de cabotagem em 40%.
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“Se isso for colocado em prática, a previsão é de redução de frete de quase R$ 2 bilhões por ano”, afirma a assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA, Elisangela Pereira Lopes.
Tema recorrente e que tem impacto direto nos custos para o produtor brasileiro é a concentração da matriz de transporte nas rodovias. Um estudo da CNA mostra que apenas 12,4% das estradas do país são pavimentadas e hoje 61% do escoamento de produtos do agro é feito via transporte rodoviário.
“Isso resulta num custo de transporte altíssimo, avaliado pela Confederação de Transportes de 30,9% de aumento de custo em razão dessas condições desde o pavimento, as condições geométricas da via a sua sinalização”, aponta a Assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA, Elisangela Pereira Lopes.
Além da cabotagem, ampliar o escoamento via ferrovias também é uma opção comprovadamente mais barata para o agro. Segundo a assessora técnica da CNA, a Ferrogrão que deve fazer o transporte do Mato Grosso até os portos do Arco Norte – 1000 km de extensão – deve carregar de início 16 mil toneladas. “Ou seja, retirar 400 caminhões das estradas. Isso resultaria numa redução de custo de transporte de 30%, 40%”, explica Elisangela.
Escalada de preços
O Aliança da Soja mostrou ainda que os custos do frete no Mato Grosso, por exemplo, subiram de 40% a 50% desde o início da safra.
A informação é do o pesquisador da Esalq Log, Fernando Pauli de Bastiane. “Isso se deve principalmente a dois fatores: ao volume da safra – no Mato Grosso deve ter recorde o que impulsiona o mercado de transporte – e os constantes aumentos nos preços dos combustíveis”, avalia. Segundo o pesquisador, o esses valores de frete quando comparados a 2021 também tiveram aumento entre 5% a 10%. Isso se referindo ao estado do Centro-Oeste maior produtor de grãos do país e que não enfrentou problemas com o clima como os da região Sul.
Bastiane explica que para amenizar o aumento dos custos de produção, a comercialização este ano deve ser mais lenta e não tão concentrada como no ano passado. Segundo ele, os valores dos fretes devem ser mais altos no segundo semestre. Com a safra de milho, que deve chegar a 110 milhões de toneladas e novas janelas de exportação de soja, os preços do transporte devem voltar a subir a partir de junho, de acordo com o pesquisador da Esalq Log.