As condições climáticas impactam diretamente na agricultura. No ciclo 2021/22, por exemplo, a estiagem provocou quebra de safra de soja e milho na Região Sul. Uma das soluções de manejo para diminuir perdas de produtividade é o escalonamento de semeadura, ou seja, alternar a época do plantio com cultivares de diferentes intervalos de maturação.
Segundo o engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Eduardo Lago Tagliapietra, a medida pode ajudar os produtores de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná a reduzir o déficit hídrico na soja no período de enchimento de grãos, fase mais crítica da cultura.
O especialista lembra que além de maior segurança em momentos de menor oferta de água na temporada, a prática também proporciona melhor colheita porque a lavoura fica mais distribuída, se aprontando em momentos diferentes. “No Sul, o produtor vai ter mais eficiência na utilização das máquinas, colhendo as lavouras em momentos diferentes. Já no Centro-Oeste, onde, geralmente, chove bastante na época de colheita, vai ser possível retirar a produção com maior qualidade, evitando perdas por excesso hídrico”, constata.
Além dessa técnica de manejo, a tecnologia promete revolucionar o cultivo de soja e de outras culturas, tornando a produção cada vez mais eficiente e com o mínimo de perdas.
Agricultura digital e de precisão
Conceitos novos na vidado agricultor, a agricultura digital e a agricultura de precisão podem se confundir, mas possuem diferenças. De acordo com o professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Sárvio Valente, a agricultura de precisão consiste em fazer uso de ferramentas para mapear a variabilidade espacial existente no campo. “Isso é feito para fazer a gestão da variabilidade espacial e temporal que existe, naturalmente, dentro mesmo de um talhão”, explica.
Já a agricultura digital é mais ampla e se traduz na utilização das ferramentas em si, sejam imagens de drones, de satélites, sensores e outras tecnologias tanto na própria agricultura de precisão quanto em, por exemplo, melhoramento genético da cultura da soja.
Segundo ele, o produtor de hoje dispõe de várias tecnologias para fazer a gestão no campo, o que não se restringe às variabilidades da agricultura, mas também de máquinas, recursos humanos e do clima, entre outras, com monitoramento em tempo real.
Valente enfatiza que a ampla quantidade de dados transmitidos a todo o momento e que chegam à fazenda faz necessária a tomada de decisões, algo que a inteligência artificial pode ajudar. “Temos de processar esses dados para gerar informações úteis para tomarmos decisões. Temos, por exemplo, modelos para fazer classificação e ver se determinada área corre o risco de ter problema com alguma doença e tomar decisões, indo a campo ou não para investigar se realmente se trata de uma doença. Assim, é possível calcular o risco e verificar como está o desenvolvimento da cultura […]”.
O professor conta, também, que a robótica já é uma realidade na lavoura. “Poderemos ter, ao invés de uma máquina pesada fazendo o plantio, uma série de ‘robozinhos’ fazendo uma linha de plantio, trabalhando em cooperação”.
De acordo com ele, esse tipo de tecnologia também pode ajudar na objetividade de avaliações, visto que análises humanas podem ser subjetivas, ainda mais quando expostas a grande quantidade de dados colhidos em áreas diversas.
Este foi o quadragésimo e último episódio da primeira temporada do programa Aliança da Soja. A série é uma parceria entre o Canal Rural e a Plataforma Intacta 2Xtend e é exibido todas as segundas-feiras, às 13h35, com reprise às terças-feiras, às 6h30. Pelo site e pelo YouTube, é possível acompar todos os 40 capítulos.