O maior produtor de soja do Brasil, Mato Grosso, deve elevar ainda mais a área para o cultivo da oleaginosa na safra 2022/23. Apesar disso, segundo o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, ainda que o produtor esteja aproveitando o aumento da rentabilidade da cultura, a tendência de incremento de terrenos para a semeadura este ano acontece em ritmo menos intenso do que o observado em 2021.
“Esse indicativo de aumento de área este ano ainda é um reflexo do ano passado. Os produtores estão migrando das áreas de pastagem [porque] a rentabilidade da cultura comparada com a pecuária tem melhorado e isso acaba estimulando o produtor a avançar sobre essas áreas do estado”, afirma.
De acordo com ele, o estabelecimento da soja em áreas de pastagens degradadas é, de fato, o que tem levado ao aumento das lavouras em Mato Grosso. Tal movimento foi de 10% na safra 2021/22 em comparação com a temporada 2020/21.
“Agora, para a próxima safra, [essa elevação] é em torno de 3%. É um aumento que acontece exatamente nestas áreas [de pastagens degradadas]. O pecuarista, às vezes desestimulado por conta de aumento de custos de produção e diminuição da rentabilidade, olha também a competitividade do arrendamento e as receitas que ele pode obter cedendo estas áreas para a agricultura […]”, explica.
Produtividade
Por conta das incertezas a respeito do clima da próxima safra e da quantidade de uso de fertilizantes que o produtor de soja terá à disposição, o Imea estabelece níveis de produtividade para o estado de acordo com o histórico dos últimos anos. “Conforme essas perspectivas iniciais, estamos em torno de 58,5 sacas por hectare, uma projeção um pouco menor do que a deste ano, mas, ainda assim, olhando o histórico e a capacidade do estado de entregar essa produtividade, plenamente alcançável. Com isso, chegamos a um nível de produção de soja em torno de 41,5 milhões de toneladas“, enfatiza Gauer.
A respeito da rentabilidade, o superintendente do Imea destaca que apesar de o produtor conseguir negociar a soja em patamares maiores do que estava acostumado no passado, o ano de 2022 será muito mais desafiador, com aumento de custos de produção e de custo de crédito, com dificuldades no acesso.