A falta de chuva nas principais atividades agrícolas do Rio Grande do Sul traz grandes impactos à economia da região. As perdas médias de produtividade giram entre 25% e 45% na maioria das áreas do estado. Neste cenário, as lavouras de soja têm sido uma das mais prejudicadas. De acordo com o relatório do dia 10 de fevereiro da Emater-RS, a quebra de safra da oleaginosa atinge 43,5%.
Em todo o Sul, as perdas não param de crescer. Conforme levantamento de janeiro do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), a produção de soja no estado deve atingir 12,8 milhões de toneladas, uma perda de 39% ante as 21 milhões de toneladas inicialmente previstas. A estiagem, aliada às altas temperaturas, são os principais fatores que colaboram para a expressiva quebra.
De acordo com o chefe do Deral-PR, Salatiel Turra, 36% das lavouras de soja do Paraná em janeiro estavam condições boas, 33% médias e 31% ruins. Mesmo com as perdas já anunciadas, o especialista acredita que o produtor do estado manterá a resiliência.
“O produtor rural é um empreendedor rural, é o administrador de uma fábrica a céu aberto. Desse modo, ele tenta sempre investir mais para recuperar o prejuízo que teve. Claro que situações adversas, como uma estiagem prolongada e temperatura em excesso como ocorreu e ainda está ocorrendo trazem preocupação e desânimo ao produtor, uma vez que ele não consegue atingir o lucro esperado por aquela cultura que ele tanto dedicou empenho e tecnologia para produzir um produto de qualidade”, pondera Turra. Desta forma, segundo ele, é cedo para apontar se haverá redução de área de soja no estado na safra 22/23.
Já em Santa Catarina, a produção agrícola da oleaginosa deve registrar perdas econômicas de R$ 1,7 bilhão. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri-SC), estima-se que a quebra do grão gire em 578 mil toneladas.
Sementes de soja
O presidente da Associação de Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), Arno Costa Beber, acredita que apesar de a estiagem gerar redução na produtividade em campo, os indicativos para o setor sementeiro são positivos. “Temos quatro mil campos inscritos, somando mais de 380 mil hectares de área. Além disso, vem se falando na ampliação de áreas irrigadas no estado, o que vai trazer mais segurança neste processo”, conta.
Segundo ele, estima-se que em 2021 o Brasil possuía dez milhões de sacas de 40 kg de sementes. “Em todos os anos, em torno de 25% destas sementes não são comercializadas por falta de demanda. Esse é um número que pode ajudar a suprir uma possível diminuição de volume por qualidade este ano”, afirma.
Beber diz que 50% das sementes produzidas no Rio Grande do Sul são comercializadas fora do estado. “Quando se fala em qualidade de semente, que é uma preocupação do produtor, todas as sementeiras que produzem sementes certificadas passam por um processo legal de fiscalização pelo Mapa, tendo, assim, um certificado de procedência e qualidade, trazendo segurança ao agricultor”.
O presidente da Apassul destaca, ainda, que o produtor que compra semente pirata corre o risco de obter campos de má qualidade e colocar em risco a agricultura e a economia do estado.
O programa Aliança da Soja é uma parceria entre o Canal Rural e a Plataforma Intacta 2 Xtend e é exibido todas as segundas-feiras, às 13h35, com reprise às terças-feiras, às 6h30.