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Aliança da Soja

Pesquisa, manejo e política pública são temas da estreia do Aliança da Soja

Meta de produção de 100 sacas por hectare, desafios no cultivo e uso de investimentos do Plano Safra também são destacados no programa

O programa Aliança da Soja estreia nesta segunda-feira com o objetivo de impulsionar, capacitar e conectar os elos produtivos da cadeia da soja. A iniciativa é uma parceria da Intacta 2 Xtend com o Canal Rural. Desta forma, um dos principais objetivos é dar voz ao produtor rural, como Fábio Eckert, que possui uma propriedade na cidade de Tapes, no Rio Grande do Sul.

Por lá, ele alterna o plantio de soja com o de arroz e a técnica tem dado tão certo que a expectativa para a próxima temporada é de safra cheia. A média produtiva da oleaginosa em sua fazenda é de 65 sacas por hectare, mas com as novas tecnologias disponíveis e o manejo eficiente, a meta é chegar a 100.

“Até pouco tempo atrás, quando se falava em 100 sacas por hectare, a gente se assustava um pouco. Hoje estamos vendo produtor passar de seis mil quilos por hectare em mais de 20% da fazenda devido a tecnologias novas, variedades de produtos e soja bem nutrida. No meu ponto de vista, em quatro ou cinco anos esse número de 100 sacas por hectare será comum”, acredita.

Em sua fazenda, pela alternância de plantio entre os grãos, a dificuldade na produção de soja é controlar o excesso de água. “Como a gente planta em terra muito baixa, de planície, parelho, temos áreas de um metro acima do nível do mar. Quando chove 100 mm, essa água tem de sair em 24 horas. Então temos de estar preparados com o canal, com bomba de irrigação para tirar essa água”, conta.

Apesar dos desafios, Eckert relata ao Aliança da Soja que está otimista com a próxima colheita. “Aqui, quando é ano de um pouco menos de chuva, é ano produtivo. Tanto é que os últimos dois anos foi seco e para a gente foram os dois anos mais produtivos. Então, tá se desenhando outro ano bom para nós e a gente fica um pouco apreensivo para o resto do estado. Estamos bem confiantes de que será uma das melhores safras de nossa história”, considera.

Produtividade e pesquisa

Nos últimos dez anos, a produção de soja no Brasil cresceu cerca de 80%, de 75,324 milhões de toneladas na safra 2010/2011 para 135,91 milhões de toneladas na de 2020/2021, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nesse período, a produtividade aumentou de 51,92 sacas por hectare para 58,82.

Para falar sobre o papel da pesquisa nesses números, o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Soja, Fernando Henning, destacou ao Aliança da Soja a necessidade de harmonia no setor. “Se o setor está passando por alguma dificuldade, ele precisa vir até a pesquisa para procurar um auxílio. Temos procurado manter isso nos últimos anos. Com certeza o produtor rural é um elo essencial da parte da pesquisa, porque através das demandas que ele nos mostra, não apenas para a Embrapa, mas para o setor de pesquisa em geral, é que conseguimos entregar respostas”, afirma.

“Atualmente o nosso foco como Embrapa Soja vem se tornando cada vez mais aprofundado, principalmente na parte de estresses bióticos e abióticos, como, por exemplo, a seca e a ferrugem da soja. Então a gente vem cada vez mais trazendo ferramentas novas para o nosso portfólio para a geração de novos cultivares, como, por exemplo, engenharia genética de precisão, a própria parte de bioinsumos, que é a parte da variabilidade natural de micro-organismos que se encontra na natureza, tentando achar aliados que te auxiliem cada vez mais na geração de novos ativos que ajudem o homem do campo nessa batalha diária dele para conseguir colher bons frutos”, completa.

Combate às ervas daninhas na soja

O programa Aliança da Soja também entrevistou o consultor da PJC Consultoria Agronômica, Pedro Jacob Christoffoleti, que exaltou a necessidade de o produtor obter altos tetos produtivos para que tenha lucratividade e sustentabilidade em seu negócio.

“Porém, existem alguns fatores redutores de produtividade que interferem nesse processo produtivo, no potencial do ambiente de produção. Um dos principais fatores é a infestação de plantas daninhas. Elas reduzem o potencial produtivo de forma muito significativa, chegando às vezes a reduzir de 20% a 30% da produtividade. Hoje, a principal forma de controle das plantas daninhas são os herbicidas. Mas o principal desafio que o produtor encontra hoje é a presença de plantas daninhas resistentes a herbicidas, principalmente ao glifosato. Então o produtor precisa adaptar novas tecnologias, novas formas de manejo para evitar a interferência dessas plantas daninhas”, explica.

Christoffoleti diz que tem ouvido relatos de produtores com grandes dificuldades no controle de certas ervas daninhas, como o amargoso, o capim-pé-de-galinha, o caruru e outras ervas. “Então é importante que o produtor esteja atento a todas as técnicas porque não podemos perder produtividade pela infestação de plantas daninhas, senão a sustentabilidade econômica do produtor na soja, apesar desses tetos produtivos, pode cair devido ao alto custo de produção”, ressalta.

Plano Safra

Para auxiliar o produtor com o custeio para o plantio e investimento para a lavoura, o Plano Safra liberou para este ano, apesar do atraso, 6,3% mais créditos do que no ano passado, somando 251 bilhões e 200 milhões de reais.

O Aliança da Soja entrevistou o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Bastos. Ele destacou que a expectativa é que o plano possa atender cada vez mais quem tem menos acesso a estes recursos. “É um processo que, inclusive, vem sendo perseguido com muito afinco na gestão da ministra Teresa Cristina para que possamos dar mais acesso a quem precisa de recursos de crédito, como vimos com o crescimento dos recursos para a Pronaf e para a Pronamp”, afirma.

De acordo com ele, o elo entre toda a cadeia da soja, como o proposto pelo programa Aliança da Soja, precisa acontecer. “Na Secretaria de Política Agrícola coordenamos mais de 30 câmaras setoriais, onde acontece a discussão da cadeia produtiva como um todo e o governo tem de manter esse papel de coordenar e fazer com que as cadeias funcionem corretamente”, conta Bastos.

O Brasil chegou ao topo do mundo nas exportações. Em 2020 foram embarcados 82,979 milhões de toneladas e neste ano a projeção final é de 86,700 milhões de toneladas, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Vale lembrar que a soja é plantada em 4% do território brasileiro (38,502 milhões de hectares). Com isso, a alta produtividade do país permitiu que a relação de crescimento de área fosse muito menor diante do salto de produção em uma década. Tudo graças a uma cadeia que envolve pesquisa, desenvolvimento de sementes, produção, processamento, comercialização e exportação.

O programa Aliança da Soja vai ao ar todas as segundas-feiras, às 13h35, com reprise às terças-feiras, às 6h30.

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