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Aliança da Soja

Produtor de soja atinge 109 sacas por hectare e dá dicas de manejo

Com propriedade na região de Rio Verde (GO), sojicultor contou com a ajuda do clima e de décadas de tratos culturais bem feitos

Quais ferramentas aplicadas no manejo de solo podem ajudar a aumentar a produtividade da soja? Como exemplo de boas práticas, o 32º episódio do programa Aliança da Soja mostra o caso de um produtor que atingiu mais de 100 sacas por hectare em uma área específica de sua propriedade.

De forma geral, os números de colheita da oleaginosa têm seguido uma importante crescente no Brasil. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra 2011/12, o índice médio no país foi de 44 sacas. Já no ciclo 2020/21, o número saltou para 58,7. Porém, na atual temporada, a entidade espera uma quebra considerável, projetando os números finais em 50 sacas devido à estiagem que afetou fortemente o Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul.

No município de Montividiu, na região de Rio Verde, em Goiás, o produtor rural e engenheiro agrônomo Charles Peeters alcançou média produtiva de 84 sacas por hectare nesta safra, dez a mais do que no ciclo anterior. De acordo com ele, investimento em maquinário e sustentabilidade no cultivo foram alguns dos ingredientes que contribuíram para a marca.

plantação de soja
Fotos: Reprodução Canal Rural

“Sempre investimos muito em perfil de solo. Em plantio direto, já temos 32 anos de prática na propriedade da família. Integração lavoura-pecuária executamos há 22 anos, desde 2000 […] fazemos consórcio de milho com braquiária e agora estamos iniciando o de milho com crotolária e outras plantas de cobertura que são essenciais para manter o equilíbrio do nosso solo”, explica.

De acordo com o produtor, o uso de biológicos, especialmente no sulco de plantio para auxiliar no controle de doenças, é outra ferramenta em voga em sua propriedade. “Conseguimos ter lavouras mais uniformes usando todas as práticas corretivas de forma intensiva, com planejamento estratégico e uso dessas correções no ambiente de produção, tornando-nos cada vez mais resilientes às intempéries climáticas que sempre vão existir”, declara.

Importância da pesquisa

Por trás de todo o melhoramento na propriedade de Peeters, há o papel da pesquisa. Para fomentar esse viés, foi criado no ano 2000 o Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano (Gapes), composto por 40 produtores. “Desde o início, o intuito do grupo é fazer a pesquisa mais aplicada possível para os agricultores tomarem decisões melhores. Então as dúvidas, os problemas que vêm do campo geram a demanda pela pesquisa, desde as ferramentas digitais até a escolha de novas cultivares, fungicidas, fertilidade do solo, nutrição de plantas. Temos hoje como tomar decisões em conjunto com base em resultados de pesquisas que vêm do Gapes”, conta.

Peeters afirma que nesta safra o clima na região de Rio Verde foi ideal e o ambiente de produção de sua lavoura estava preparado para responder a essa benesse do céu. “Há muitos anos não tínhamos um ano tão bom. Acredito que em torno de cinco a seis sacas a mais de produtividade entra na conta do clima, mas o restante é manejo, é melhoria, tudo o que fazemos para produzir mais. Então acredito que temos de pensar em duas, três sacas a mais por ano na média”.

Segundo ele, o Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) auditou uma área de quatro hectares em sua fazenda que atingiu 109 sacas cada um. “Foi em uma área marginal, de cascalho, em que estou tratando e todo ano fazendo uma coisa diferente. Plantei uma variedade mais tardia mais ou menos em 20 de outubro [de 2021] que deu 130 dias de ciclo porque é uma área que, se dá seca no cascalho, a soja sente e como esse ano não teve seca, o cascalho não foi um fator de quebra”, ilustra.

O papel da semente de soja

Para o líder de Desenvolvimento de Mercado de Soja da Bayer, Everton Hiraoka, a escolha da semente é o principal fator para o recorde de colheita em cada talhão. “Nossos avanços em biotecnologia e melhoramento genético têm possibilitado variedades cada vez mais produtivas com grupo de maturação adaptado a diferentes condições. É muito importante que o agricultor siga adequadamente as recomendações propostas por cada companhia, por cada obtentor, conseguindo, assim, extrair a máxima produtividade que cada variedade pode entregar”, diz.

De acordo com o especialista, utilizar uma variedade para refúgio estruturado é outro ponto que não deve ser deixado de lado pelo produtor. “Além disso, não podemos esquecer de escolher uma semente de alta qualidade, com boa germinação e vigor, garantindo assim uma implantação de lavoura com o ‘pé direito’, garantindo um bom estabelecimento da cultura desde o início”.

Hiraoka também enfatiza que o aumento de produtividade é uma prática sustentável, uma vez que se aumenta a fixação do carbono no solo desta forma. “Hoje temos variedades que ultrapassam a marca de 100 sacas de potencial genético. Contudo, é preciso escolher adequadamente o melhor material para o meio ambiente de produção, ter ferramentas de diagnóstico e manejo impecável”, pontua.

Para o representante da Bayer, esses três pilares são fatores que o produtor consegue manejar em sua propriedade. “No entanto, existe um quarto fator que não é controlável, que é o clima. Por isso que dizemos que não existe uma receita de bolo, um passo a passo para o sojicultor atingir as 100 sacas, ou seja, precisamos fazer a nossa parte, ter uma assistência técnica atuante, mas o clima precisa colaborar”, finaliza.

O programa Aliança da Soja é uma parceria entre o Canal Rural e a Plataforma Intacta 2 Xtend e é exibido todas as segundas-feiras, às 13h35, com reprise às terças-feiras, às 6h30. Além disso, também fica disponível no YouTube.

 

 

 

 

 

 

 

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