Paste this at the end of the

tag in your AMP page, but only if missing and only once.

Aliança da Soja

Como substituir áreas de eucalipto e arroz por soja? Entenda o manejo

No Rio Grande do Sul, consórcio entre o cereal e o grão aumentou 205% nos últimos dez anos

Quais fatores levaram a soja a ser uma das culturas mais atrativas do campo? Como aliar a produção da oleaginosa com o arroz, sendo elas commodities tão distintas no manejo? E quais conselhos podem ser dados a quem visa substituir o cultivo de eucalipto pelo grão dourado? Essas perguntas e outras mais foram abordadas e respondidas no primeiro episódio de 2022 do programa Aliança da Soja.

Como exemplo de agricultor que passou a se interessar pelo cultivo da planta líder do agronegócio brasileiro, Ricardo Ghirghi, que possui fazenda em Taquarivaí, no interior de São Paulo, retirou o eucalipto da propriedade em 2020 e colherá a primeira leva de soja em 2022. Segundo ele, o cultivo da madeira dá resultados econômicos apenas a longo prazo e significativamente inferiores aos obtidos com o grão, já que o mercado é restrito e o preço pago pelo insumo costuma ser baixo.

madeira de eucalipto
Foto: Pixabay

A conversão do solo para receber a oleaginosa na propriedade começou há mais de um ano e contou com a consultoria de um engenheiro agrônomo. De acordo com o coordenador de assistência técnica agrícola da Capal, Airton Pasinatto, o primeiro passo a ser dado é uma análise criteriosa do solo antes da retirada dos tocos. “Na sequência, se contrata pessoal especializado para elaborar o que chamamos de ‘destoca’. Esta é a parte mais pesada do empreendimento, da conversão de uma área específica de eucalipto para cereais, especificamente soja”, explica.

Assim, com o resultado da análise de solo em mãos, é feita a correção com os insumos. “Primeiramente é o calcário, que em uma área de destoca costuma ter densidade bastante alta porque os níveis de fertilidade deste solo, com certeza, estão baixos pela retirada da madeira, já que se tem um período de seis a oito anos de extração sem a reposição de nutrientes“, conta. Segundo Pasinatto, posteriormente se faz a instalação de uma cultura prévia para, em seguida, semear a soja em plantio direto.

Estimativa de produtividade

Tal processo se dá em médio prazo e tem custo inicial elevado. “O produtor tem de estar olhando lá na frente porque ele vai precisar desse investimento e essa aplicação de dinheiro é imediata”, afirma o coordenador da Capal. De acordo com ele, a amortização do aporte investido acontece em, pelo menos, três anos, mas com a vantagem de se obter a valorização da terra.

Foto: Mapa

O produtor Ricardo Ghirghi é realista ao projetar a rentabilidade. “No primeiro ano, não será uma produtividade das mais altas, vai ser entre baixa e média. No segundo ano melhora e em um terceiro, quarto ano, vai ficando uma terra de agricultura com altas produtividades”, estima. “Creio que mesmo com um investimento alto, que precisa ser diluído na cultura da soja, teremos uma rentabilidade entre 50% e 100% superior à do eucalipto“.

Soja: em 20 anos, biotecnologia trouxe 100% de aumento de produtividade no RS

Com a esperança de bons ganhos pelos preços atrativos da soja nas próximas safras – ainda que o custo dos insumos preocupe -, o agricultor já adquiriu mais 740 hectares para plantar a oleaginosa em 2022. “Adquirimos uma área em Avaré que é toda de eucalipto, mas que já teve metade retirada para o plantio da soja”, conta.

Plantio de soja em terras baixas

Levantamento do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) mostra que nos últimos dez anos a cultura da soja em rotação com o arroz irrigado cresceu 205% no Rio Grande do Sul. Desta forma, na safra 2011/12, a área plantada do cereal em consórcio com a oleaginosa ocupava 121,166 mil hectares no estado, enquanto que no ciclo 2021/22, esse número saltou para 370,594 mil hectares. Sobre a produtividade, os dados também são positivos: de 31,8 sacas por hectare em 2019/20 para 52,3 em 2020/21.

Rotação soja/ arroz. Montagem: Canal Rural

Segundo o professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Alencar Zanon, o manejo adequado, com especial atenção à drenagem, é o principal aspecto que permite o consórcio bem sucedido entre culturas tão distintas. “Diferentemente da cultura do arroz, que fica 90% de seu ciclo com uma lâmina de água com 5 cm de altura, a cultura da soja não pode ter água por mais de 24 horas, caso contrário vai ocorrer a morte de plantas e, consequentemente, a perda de produtividade”, explica.

De acordo com Zanon, há um benefício muito claro aos agricultores que resolvem adotar a rotação entre essas duas culturas. “Os produtores que resolvem adotar a soja produzem 20% mais arroz comparado com aqueles que apenas plantam arroz sobre arroz”, esclarece.

O programa Aliança da Soja é uma parceria entre o Canal Rural e a Plataforma Intacta 2 Xtend e exibido às segundas-feiras, às 13h35, com reprise às terças-feiras, às 6h30.

 

 

 

Sair da versão mobile