O agronegócio é responsável por 28% das emissões totais de gases de efeito estufa do Brasil. Desse total, a soja responde por 9 milhões de toneladas de CO² por ano, o que significa 1,5% de todas as emissões da agropecuária no país. Com esse patamar mantido, a oleaginosa seria considerada produção de baixo carbono, entretanto, ainda distante da neutralidade.
Um estudo do início de 2022 realizado pelo Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que o Brasil tem chances de atingir o patamar de produção de soja de baixo carbono ou mesmo a neutralidade até 2030, mas é necessário a adoção de boas práticas na lavoura.
A redução da emissão de gases acontece quando o sistema de produção adotado na lavoura consegue acumular carbono no solo. Apesar do país já utilizar tecnologias que contribuem para esse acúmulo de carbono, como, por exemplo, o plantio direto, muitas vezes a ferramenta não é utilizada da forma correta.
O pesquisador da FGV, Cícero Zanetti, destaca a necessidade de que o plantio direto seja pensado como um sistema. “O plantio direto é preconizado por três premissas: a cobertura permanente do solo, o mínimo revolvimento do solo e a rotação de culturas. Esse processo do sistema de plantio direto armazena carbono no solo, e aumenta a produtividade do sistema. O estudo está mostrando que a nossa produção pode atingir, com essas tecnologias, uma marca de sustentabilidade em 2030”.
O pesquisador ressalta ainda que para conscientizar o setor sobre a produção sustentável, uma estratégia é divulgar que o acúmulo de carbono pode virar um ativo de valor. “É preciso mostrar para o setor, mostrar para o mercado, que esse carbono acumulado é um ativo valiosíssimo no longo prazo. Tendo condições de produzir de maneira sustentável, acumulando o carbono, por exemplo, você pode se proteger de uma possível política de taxação de carbono na fronteira, como a União Europeia já sinalizou em várias reuniões internacionais que isso pode acontecer no Brasil”, conclui Zanetti.