Alternativas para logística prometem aliviar capacidade de armazenagem

Estado líder na produção de grãos sofre com falta de espaço para estocarO leste de Mato Grosso, muito conhecido pela pecuária, está sendo utilizado para o cultivo de soja. São imensas áreas de pastagens degradadas, transformadas em lavouras. Importantes alternativas logísticas da região vêm atraindo investimentos, inclusive para superar um problema crônico no Brasil: a falta de capacidade de armazenagem.

A região Centro Oeste do país é a que mais colhe grãos. Foram 78 milhões de toneladas na última safra, e a quantidade deve ser maior na próxima. Mato Grosso lidera os números com 46 milhões de toneladas. O estado que tanto produz é também o que tem maior déficit de armazenagem. Falta espaço para guardar 25 milhões de toneladas.

Mesmo atrasado, Mato Grosso vem correndo atrás do prejuízo. A região de Canarana, localizada no leste, é apontada por especialistas como a bola da vez. A área de plantio é a que mais aumenta no estado, e a logística aponta para um futuro promissor com estradas, ferrovias e hidrovias passando muito próximo da região. Tudo isto vem aumentando e muito os investimentos em armazenagem.

– Canarana, de três ou quatro anos pra cá, duplicou o aumento de lavoura. Nós tínhamos em torno de 100 mil hectares e passamos para 212 mil hectares este ano. E temos mais 350, 400 mil hectares de pastagens degradadas que podem ser transformados em lavouras – conta o presidente do Sindicato Rural, Arlindo Cancian.

Para escoar um volume tão grande, não só de Canarana, mas dos municípios localizados entre os rios Araguaia e Xingú, os produtores apostam em duas possibilidades:

A hidrovia pelo rio Tocantins que passaria pelas eclusas da hidrelétrica de Tucuruí, e levaria a produção até o porto de Vila do Conde, em Barcarena. Ela ainda depende de questões ambientais. A outra opção seria a ferrovia de integração Centro-Oeste, a FICO, que ligará Lucas do Rio Verde ao município de Campinorte, onde se encontra com a ferrovia Norte Sul.

– A FICO vai passar a 11 quilômetros do centro da cidade de Canarana. Nós temos um trabalho muito grande. Já está em fase de arrima, da BR 080, Ribeirão Cascalheira/ Luis Pires, que liga com a Norte Sul lá em Campinorte, próximo a alvorada. Isto são 650 quilômetros de Canarana, e temos a 158 que é a ligação direta hoje com os portos de Belém. Tem algumas deficiências, mas o caminhão embarca aqui e chega lá sem dúvida nenhuma – garante o secretário municipal de Indústria e Comércio, Marcos da Rosa.

As opções que invertem o rumo do escoamento, hoje direcionado para o Sul, vêm chamando a atenção de tradings que estão fazendo grandes investimentos em Canarana. Pelo menos cinco grupos vêm construindo  armazéns. Um deles, com capacidade para 73 mil toneladas, começa a operar já na próxima safra. Até o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural vem investindo em cursos de capacitação.

– Hoje nós temos treinamento de NR31.8, que é segurança do trabalhador rural, treinamento de armazenamento e secagem de grãos que a pessoa vai estar habilitada para trabalhar num empreendimento deste porte. E temos ainda um treinamento de NR 33, que é espaço confinado. Então todos os treinamentos são voltados para capacitação do trabalhador rural, e também do produtor para acompanhar o desenvolvimento da tecnologia e o incremento  destas áreas de plantio. E também do crescimento que a agricultura vem tendo no estado ultimamente – explica o coordenador regional do Senar-MT, Rafael Fabri.

– Com toda esta logística que está para acontecer, é como acender um paiol de palha. As pessoas estão enxergando esta região – conclui Marcos da Rosa.

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