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Apenas uma das 22 cooperativas criadas pelo programa Proceder ainda está em atividade no Cerrado

Coopertinga, de Formoso (MG), foi financiada pelo Programa de Desenvolvimento do Cerrado, uma parceria firmada com o governo japonês entre as décadas de 70 e 90A história da agricultura brasileira é repleta de projetos de sucesso e de outros que não conseguiram êxito. Um dos programas que ajudou a promover o plantio de soja no Cerrado, fruto de uma parceria com o governo japonês entre as décadas de 70 e 90, ilustra as duas situações. O projeto ajudou no avanço da sojicultura em várias regiões, mas acabou extinto por um conjunto de falhas administrativas e várias mudanças na política econômica do Brasil, que o tornaram inviável. Para os beneficiados, re

Um imenso chapadão verde no Alto da serra Geral. É ali, a mil metros de altitude, no município de Formoso (MG), que está sediada a Coopertinga. A cooperativa tem 20 mil hectares de lavouras, sendo 14 mil de soja, e é considerada a única remanescente das 22 que foram financiadas com recursos do Japão entre os anos setenta e noventa, quando o país estava preocupado com a oferta mundial de alimentos.

No início da década de setenta, o governo dos Estados Unidos embargou provisoriamente as exportações de grãos e farelo, visando garantir o abastecimento interno. A medida colocou em alerta o Japão, que dependia exclusivamente do produto norte-americano. Diante disso, os japoneses começaram a incentivar o cultivo de soja e milho em novas fronteiras agrícolas. No Brasil, a parceria ficou conhecida como Prodecer – Programa de Desenvolvimento do Cerrado, e ajudou a alavancar a atividade em regiões como esta do noroeste mineiro.

O programa, dividido em etapas, oferecia créditos para a compra de terras e insumos com as menores taxas de juros do mercado. A ideia era ajudar a transformar o Cerrado no que ele é hoje, um celeiro de alimentos, dando oportunidade para novos agricultores.

– O Prodecer que mudou nossas vidas – diz o produtor rural Irineu José Balbinot.

Balbinot foi um dos beneficiados. Hoje, possui uma área de 900 hectares toda diversificada. Os cafezais irrigados ocupam 90 hectares e estão em plena produção com colheita prevista para junho. Também há espaço para um pomar de laranjas, com 30 mil pés. Mas o carro-chefe ainda é a soja. São 750 hectares, que nas últimas safras têm produzido em média 55 sacas por hectare. 

A atual prosperidade do negócio, porém, esconde a grave crise financeira enfrentada pelo agricultor e pelos demais associados da cooperativa nos últimos anos.

As inúmeras mudanças nos planos econômicos multiplicaram as dívidas e ajudaram a acabar com o programa. Mas não foi só isso. Outro agricultor lembra que os japoneses impunham algumas exigências. Entre elas, uma contrapartida do governo brasileiro, que deveria garantir a infraestrutura das regiões atendidas pelo programa. E isso nem sempre saiu do papel.

A dívida total dos cooperados ultrapassou os R$ 200 milhões. Até conseguir renegociar o passivo, há dois anos, a cooperativa ficou estagnada. Aó voltou a crescer após a prorrogação dos débitos, que serão pagos em um prazo de 10 anos.

– No período de estagnação a cooperativa só conseguia buscar crédito para os produtores, não realizava nenhum outro investimento – fala o vice-presidente da Coopertinga, Juliano Guimarães.

Enquanto acompanha o desenvolvimento de mais uma safra de soja, Balbinot afirma que a união do grupo foi o segredo para evitar que a Coopertinga tivesse o mesmo desfecho das outras cooperativas financiadas pelo Prodecer.

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