Controlar as plantas invasoras na lavoura de soja já foi bem mais fácil, na opinião do produtor rural Alexandre Lopes. O agricultor plantou 300 hectares do grão em Campo Verde, centro-sul de Mato Grosso. Desde a última safra, está gastando mais tempo e dinheiro para combater a buva, uma planta daninha que já comprometeu plantações no sul do país e agora começa a ser encontrada com mais facilidade no Cerrado.
– Já tive que fazer aplicação “tríplice” para o controle. Antes era apenas glifosato – diz Lopes.
A aplicação reforçada deu certo. Mas na lavoura vizinha, o controle não foi tão eficiente. Vários pés de buva permanecem ali no meio da plantação e ao longo da cerca que divide as propriedades. Como as sementes da invasora são facilmente dispersadas pelo vento, Lopes está apreensivo.
O produtor Fernando Ferri também está preocupado com a presença da buva. Ele tentou, mas não conseguiu combater a invasora. Esta preocupação tem motivo. Segundo especialistas, as lavouras de soja com presença de buva podem sofrer quebras de produtividade entre 20% e 60%, dependendo do grau de infestação, e de fatores como o solo e o clima. Em alguns casos mais extremos, as perdas podem ser ainda maiores, chegando a 80%.
Além do impacto na colheita, o aumento considerável dos custos também deixa os agricultores em alerta. Assim como Lopes, muitos produtores só conseguem eliminar a buva através de uma combinação de herbicidas, encarecendo a operação. O pesquisador da Embrapa Alexandre Brighenti explica que diferente do sul do país, em Mato Grosso ainda não há comprovação de resistência da invasora ao glifosato. Mas afirma que é preciso sim ficar atento a este problema e evitar ao máximo o uso continuado de um mesmo produto no combate às ervas daninhas.
O uso frequente do mesmo princípio ativo poderia ser reduzido se a aprovação de novos produtos fosse mais ágil, segundo a Aprosoja Brasil. A entidade reclama da demora na liberação de algumas moléculas, que poderiam ampliar o leque de defesa do agricultor contra a buva e outras pragas.