Um dos primeiros destinos da expedição foi a Fazenda Santa Rosa e Santa Cecília, em Ipameri, no sudeste goiano. Uma propriedade com 1,8 mil hectares e 1,3 mil cabeças, em regime de ciclo completo. Fábio Barduchi carrega 28 anos de dedicação à pecuária, um trabalho herdado do pai. Há um ano o pecuarista optou pelo cruzamento para melhorar os resultados do rebanho. Por meio de IATF, as matrizes nelore agora são cruzadas com angus.
– Temos uma recria diminuída ou até eliminada, conforme o tratamento desses animais. Consequemente, conseguimos uma engorda melhorada com animais mais precoces. É essa precocidade que vai dar melhoria nas três fases de produção – conta Barduchi.
A escolha de Barduchi pelo angus tem sido a mesma de muitos pecuaristas no país. Dados da Associação Brasileira de Angus revelam que, a cada cinco bezerros nascidos hoje por cruzamento, quatro têm sangue angus. E a Fazenda Marcon, em Primavera do Leste (MT), também usa a raça britânica.
– A carne angus é mais difícil para produzir e mais cara. Mas, hoje, ela é considerada a melhor carne do mundo, pela maciez e precocidade – afirma o pecuarista Nelson Marcon.
Além da bonificação do frigorífico, que paga até 12% a mais sobre o valor de mercado, o objetivo de usar o gado cruzado é ganhar tempo na hora do abate. Os animais chegam a terminar oito meses antes, com o mesmo rendimento: machos de 21 arrobas e fêmeas de 16.
O gado cruzado chama a atenção de longe na Fazenda São Francisco do Sucuruína, em Campo Novo do Parecis (MT). A inseminação das fêmeas é feita com sêmen angus. Já o repasse, com touros brangus.
– Na cruza com angus e com brangus, nós visamos principalmente à precocidade. Nós conseguimos fazer uma fêmea entrar em cio com 14 ou 15 meses, enquanto que uma nelore entra com 24 ou 26 meses. Também conseguimos precocidade de abate. Nós abatemos animais com 17 ou 18 meses. E o grande ganho do cruzamento industrial é a heterose – afirma o consultor pecuário Zeno Albert.
No Vale do Araguaia, em Barra do Garças, a Fazenda Brasil optou por produzir a carne mais cara do mundo por causa do marmoreio superior. Essa é a primeira safra de animais cruzados, já em fase de terminação. A valorização da carne no mercado foi um atrativo para começar a investir no cruzamento.
– O mercado está pagando nesse animal 40% acima do que paga no angus. Mesmo com os custos que temos para produzir o animal, acreditamos que ele dará um bom retorno financeiro – afirma o zootecnista da fazenda, Otto Magalhães Franco.
A escolha de uma determinada raça depende muito da finalidade do produtor, da genética disponível e da adaptabilidade dos animais à região, principalmente quando o cruzamento é feito através de monta natural.
Como na Fazenda Pombalinho, em Jataí (GO), que usa touros puros da raça pardo-suiça, de uma linhagem específica para corte. O trabalho vem sendo feito há quatro anos. Os produtores pardo-suiços são colocados em 70% das matrizes nelore. O restante da vacada permanece acasalando com nelore, para renovar o plantel de matrizes. Segundo o proprietário da fazenda, os ganhos em heterose são a grande vantagem do cruzamento.
– Com o cruzamento industrial, os resultados são melhores do que a cruza com a raça nelore. Ganha-se tranquilamente de 10% a 15% a mais no peso na desmama – diz o agropecuarista Alceu Ayres Moraes.
No Vale do Jauru, em Araputanga (MT), um composto de até oito raças diferentes vem sendo usado há 10 anos para o cruzamento industrial na Fazenda Adorama. Um terço do rebanho é fruto do cruzamento com touros Montana, também através da monta natural. A precocidade e a produtividade chamam a atenção. Mas os custos de produção são maiores, segundo o criador Carlos Sérgio Arantes.
– Temos que investir um pouco mais na pastagem do animal. Mas conseguimos uma arroba a mais na mesma idade. Tem valido a pena – afirma Arantes.