Em muitas localidades, as temperaturas ao longo do dia ultrapassam os 40°C, o que leva à paralisação do metabolismo da planta. E como grande parte delas está em fase de granação e até mesmo florescimento, há o abortamento dos botões florais e uma redução no tamanho dos grãos. Somente as lavouras de Mato Grosso é que apresentam condições bastante satisfatórias ao seu desenvolvimento, já que as chuvas no Estado vêm ocorrendo com boa freqüência, e até mesmo em bons volumes, mantendo os solos com bons níveis de umidade.
E mesmo com essas chuvas, a colheita em Mato Grosso vem ocorrendo sem maiores transtornos, com 10% das áreas colhidas e produtividades médias, superando a média histórica do Estado. Mas o Estado que apresenta o maior percentual de área colhida é Goiás, com 11%, sendo que as altas temperaturas e o tempo mais seco estão levando à antecipação do ciclo da cultura e, com isso, a antecipação do período de colheita. Mato Grosso do Sul já apresenta 8% de seus campos de soja colhidos, o mesmo percentual do Paraná, sendo que a faixa oeste do Paraná já está com 53% das áreas colhidas, segundo dados da C.Vale.
Conforme avança a colheita, se observa que as maiores quebras serão observadas nas variedades de ciclo mais longo, já que as lavouras que estão sendo colhidas agora são de ciclo mais curto, plantadas entre setembro e início de outubro. Mas como mais de 80% das lavouras no Brasil deverão ser colhidas após a segunda quinzena de fevereiro, o tempo seco e quente irá trazer consequências negativas à produção de soja no Brasil.
Tanto essa semana quanto a próxima manterão este padrão de tempo mais seco e quente em boa parte do Brasil, com exceção apenas de Mato Grosso e regiões produtoras da região Norte, onde há previsões para pancadas de chuvas ao longo desses próximos 15 dias. Entretanto, as chuvas não prejudicam a realização da colheita nem o desenvolvimento das lavouras.
O tempo seco em boa parte do Brasil também irá favorecer uma maior proliferação de pragas, como o percevejo e lagartas, e isso poderá levar a novas reduções nos índices de produtividade. Portanto, com exceção de Mato Grosso e das poucas localidades produtoras da região Norte, o Brasil terá nos próximos 15 dias baixos índices pluviométricos e temperaturas muito altas, levando as plantas ao estresse hídrico e térmico e, consequentemente ,causando perdas nos potenciais produtivos das lavouras.