Sonora do caminhoneiro Adilson Ferreira
A tarifa continua a mesma nestas duas estradas que levam ao Porto de Santos, mesmo após a Lei dos Caminhoneiros entrar em vigor. O texto diz que os caminhões que circularem vazios, com eixos suspensos, vão ter desconto no pedágio. Mas em São Paulo não é bem assim. Nas rodovias estaduais, o pedágio ainda é cobrado conforme o número de eixos do veículo. O estado diz ter respaldo jurídico para não cumprir a determinação.
O presidente da União Nacional dos Caminhoneiros, José Araújo da Silva, conhecido como China, diz que vai exigir o fim da cobrança pelos eixos suspensos nas rodovias paulistas.
– sonora China
O caminhoneiro autônomo, Josemar Ataíde Filho, transporta soja de Mato Grosso do Sul até o Porto de Santos. A maior parte da viagem é feita por rodovias estaduais.
– sonora Josemar
Pelas novas regras, o caminhoneiro pode trabalhar até 12 horas, incluindo horas extras. O motorista é obrigado a fazer um intervalo de no mínimo 30 minutos a cada cinco horas e meia ao volante. Portanto, assim como em outros lugares do país, a lei esbarra na ausência de locais que ofereçam a estrutura adequada.
No Rio Grande do Sul são cerca de 300 mil caminhoneiros. Sendo que 40% dessa frota é independente. Para a Federação dos Caminhoneiros Autônomos dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Fecam), a nova lei atende alguns pontos da categoria.
– Para o caminhoneiro autônomo propriamente tem dois pontos aí que seriam um certo benefício. É a questão do eixe erguido na praça de pedágio quando o caminhão estiver vazio, e a questão do tempo de direção que de uma certa forma nos permite voltar a ter domínio sobre nosso horário de trabalho – elogia o vice-presidente da Fecam, André Costa.
A circulação de caminhões no Rio Grande do Sul é muito grande em virtude do estado ser um dos principais produtores de alimentos do país. Por isso, não é difícil encontrar postos de combustíveis sempre lotados. A nossa equipe de reportagem conversou com os motoristas para saber se eles estão satisfeitos com as novas regras da lei, e um ponto é unanimidade entre eles: os pontos de parada.
A equipe passou pela BR- 116, uma das principais rodovias de escoamento de grãos, que liga ao Porto de Rio Grande, no sul do estado. Saindo de Porto Alegre, a equipe percorreu 123 km e foi aí que encontrou o primeiro paradouro com condições adequadas de apoio ao caminhoneiro. Essa é uma das principais reclamações dos motoristas, a falta de local para a parada de descanso no trecho.
Um posto encontrado pela nossa reportagem, oferece toda uma estrutura de apoio ao caminhoneiro. E de forma gratuita, como exige a nova lei.
– Aqui, o caminhoneiro consegue alimentação, banho. Além do wifi, que hoje também a tecnologia está na casa de todo mundo – explica a gerente do paradouro, Lisandra Lima.
Os motoristas relatam que em alguns postos nem banheiro têm.
– São poucos postos que oferecem a estrutura que esse aqui tem como banheiro, tem restaurante bom, uma estrutura bem adequada para a necessidade que a gente tem. E tem outros postos que não oferecem nada, nada, nada – reclama o caminhoneiro Ricardo Coelho.
Mas a Polícia Rodoviária Federal (PRF), responsável pela fiscalização nas rodovias, orienta sobre o que não se deve fazer mesmo com a falta de estrutura nos locais.
– É sempre bom o motorista parar num posto de gasolina, paradouro ou posto da PRF e não no acostamento. Se parar no acostamento, pode gerar multa porque ele não teria um motivo, não teria uma pane. Para fazer o descanso tem que ser num local adequado, onde há estrutura para o motorista descansar – alerta o chefe de comunicação social da PRF, Alessandro Castro.
Ainda precisam ser feitas muitas coisas em questões de estruturas nas rodovias brasileiras, porém, pelo menos um índice já é perceptível com as novas regras. Segundo a PRF, o número de acidentes provocados por sono de caminhoneiros está caindo e é em função desta lei.