Os protestos, organizados por caminhoneiros e empresários do setor de transportes, começaram na quarta, dia 18, contra os altos custos do diesel, reajustados em 1º de fevereiro, e as margens apertadas nos fretes na região. Por volta das 8h, o tráfego de caminhões já estava interditado em Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e Sorriso, três importantes polos de produção agrícola que estão em plena fase de colheita da safra de soja.
Caminhoneiros também bloquearam a BR-364, na região de Jataí (GO), e protestaram na BR-158, na região de Panambi (RS). Nas ERS-324 e 406, próximas a Nonoai, o manifestantes fecharam a rodovia nos dois sentidos por 30 minutos.
Mato Grosso
Nesta sexta, o fluxo de caminhões será pausado caso manifestantes de Mato Grosso não consigam diálogo com o governo estadual. Na pauta local também está a redução nas alíquotas de ICMS cobrado no diesel, além de um balizamento nos fretes praticados, com fixação de preços mínimos, um pedido de prorrogação dos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e um debate da nova Lei dos Caminhoneiros.
Em nota, o secretário estadual de Fazenda de Mato Grosso, Paulo Brustolin, destacou que a Secretaria de Fazenda (Sefaz) realiza um “estudo técnico sobre todo o setor de combustível em Mato Grosso e não apenas do óleo diesel”. Segundo ele, “um estudo dessa magnitude não pode ser feito da noite para o dia, pois causaria um grande impacto nas contas do Estado”. Ele reiterou, no entanto, que há espaço para diálogo.
“Quanto ao pedido de proibição de pagamento de fretes abaixo da lista de preços mínimos, o secretário Paulo Brustolin afirma que a Sefaz não pode interferir na lei de mercado e pondera que o governo do Estado já contribui com o setor, publicando uma lista com valores referenciais. Já em relação à regulamentação da profissão de motorista, o assunto deve ser tratado com a União”, informou o comunicado.
O diretor executivo da Associação dos Transportadores de Carga (ACT) do Mato Grosso, Miguel Antônio Mendes, disse que nesta sexta deve ocorrer uma reunião com o governador do Estado, Pedro Taques, para discutir as reivindicações. De acordo com o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Mato Grosso (Sindicam-MT), Roberto Pessoa Costa, outro encontro está previsto para segunda, dia 23, com o sindicato, a ATC, transportadoras e o Ministério dos Transportes.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) informa que entende a necessidade das manifestações dos caminhoneiros em Mato Grosso, mas ressalta a importância de tais atos “não interferirem no escoamento da safra de soja que está sendo colhida no Estado”. “É preciso ter o mínimo de ordem, pois somos elos de uma mesma cadeia, que precisa ser sustentável. Precisamos que as propriedades sejam abastecidas com óleo diesel e ter garantido o transporte da soja para os armazéns”, diz Ricardo Tomczyk, presidente da entidade.
Segundo ele, muitos itens da pauta são justos, como o pedido de redução do preço do óleo diesel e do ICMS, além da prorrogação do Finame.
– Entretanto, não concordamos com o pedido de tabelamento dos preços do frete, pois os mesmos são regulados pelo mercado – diz.