Eles também pedem a definição, por parte do governo, de uma tabela mínima de frete a ser levada para as discussões marcadas para o dia 10 de março com o Ministério dos Transportes. Os parlamentares são favoráveis à categoria e planejam pressionar o governo paras que os pedidos sejam atendidos.
– As demandas do governo estão dentro do Legislativo para serem votadas. Se nós pudermos, (vamos) usar esse mecanismo como pressão também com relação às próprias decisões que o governo quer que nós tomemos no plenário da Câmara dos Deputados – disse o deputado federal e membro da Frente Parlamentar da Agropecuária Luiz Carlos Heinze (PP-RS).
A greve de caminhoneiros que atingiu mais de dez Estados completa duas semanas nesta quarta, dia 4, mas com força reduzida. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou que, no fim da tarde, as manifestações no Rio Grande do Sul, Estado que mantinha uma movimentação intensa, haviam sido encerradas. Por volta das 18h, no entanto, foi registrado um novo protesto em um trecho da BR-386, na altura da cidade de Soledade, reunindo cerca de 50 caminhões.
Em diversas cidades do Brasil, a greve gerou desbastecimento de combustível, escassez de alimentos e prejuízo em agroindústrias, principalmente no setor de suínos, aves e leite.
Propostas
Além do reajuste no diesel, as reivindicações dos caminhoneiros incluem a abertura de linha de crédito especial para o Transportador Autônomo de Cargas (TAC) no limite R$ 50 mil, com carência de três meses, 24 meses para pagar, com juros de 2,5% ao ano. Eles pedem ainda carência de 12 meses para pagamento das parcelas do financiamento para cada conjunto (caminhões, carretas e semirreboques), até o limite máximo de três conjuntos dos contratos em vigor, independentemente da modalidade contratada (PróCaminhoneiro, Finame e outros) dos Transportadores Autônomos de Cargas (TAC) e Empresas de Transportes de Cargas (ETC), observados os prazos de contratos originais e sem juros.
Os representantes também querem reserva de mercado para 40% de lotes de propriedade do governo, para que sejam transportados por autônomos, através de suas cooperativas. Além disso, reivindicam o perdão de multas para os caminhoneiros que desobedeceram a ordem de desbloquear as rodovias e a manutenção de um foro permanente de debates para discutir as demandas originadas na paralisação nacional.
Apoio da população
Os caminhoneiros em Brasília informaram que chegaram ao Distrito Federal com apoio da população das suas cidades.
– A população está nos apoiando. Em Joaçaba (SC) conseguimos juntar R$ 5 mil para custear o trajeto. Quando viemos de lá para cá, a cidade parou para a nossa carreata. Foi lindo ver aquele povo todo dando apoio – afirmou Gilberto Bandeloff, 48 anos. Segundo ele, na segunda, dia 2, correram boatos de que eles iriam fechar as entradas de Brasília e que, por isso, a polícia iria segurar a entrada de caminhões.
– Isso era mentira. Nós temos responsabilidade, não íamos travar isso aqui tudo – disse ao apontar para o Eixo Monumental, uma via com seis faixas e trânsito intenso na capital federal.
– Estamos perdendo dinheiro parados, com essas manifestações, mas perdemos mais se a gente trabalhar – afirmou.