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Canal Rural Na Estrada mostra como o gado é conduzido a pé por matas, rios e estradas no Pantanal

Equipe acompanhou comitiva durante 24 horasO programa Canal Rural Na Estrada - Gado a Pé mostra o transporte do gado a pé no Pantanal de Mato Grosso do Sul, uma tradição centenária que não tem data para acabar. A equipe acompanhou uma comitiva durante 24 horas. Confira as histórias contadas pelos pantaneiros, as belezas e os perigos da maior planície alagada do mundo. Já no Estado de Goiás, a cultura está chegando ao fim. As comitivas perdem espaço para as transportadoras.

Assista ao programa na íntegra:

Miranda (MS)
A equipe do Canal Rural Na Estrada está no município de Miranda, em pleno Pantanal mato-grossense-do-sul. Com o guia Paulo Nilton, eles vão viajar ao encontro de uma comitiva formada por pantaneiros que conduzem o gado a pé por matas, rios e estradas.

O caminhão foi abandonado por dois dias porque o acesso ao Pantanal com ele é mais difícil. Ele vai ficar esperando pela equipe em Miranda, e o carro utilizado será o do entrevistado, que é o chefe da comitiva que toca o gado a pé. Já está tudo pronto no local, como o isopor para ser usado à noite, já que a equipe vai pousar no Pantanal. Os cobertores, as mochilas, o equipamento, tudo está pronto. 

As próximas 24 horas não serão fáceis. Por isso, a equipe comprou tudo o que seria preciso, como repelente, inseticida e barraca. Só faltava a comida.

Eles decidem levar cinco quilos de arroz para o pessoal fazer carreteiro com lingüiça de noite, uma janta no Pantanal. Com a janta garantida, seguiram viagem. E se alguém ainda tinha alguma dúvida se estava no Pantanal, acabou.

Na vazante de um rio do Pantanal, a equipe faz uma parada para mostrar os jacarés.  O pessoal chega bem perto. Os turistas vêm visitar, passear, acabam parando o carro no acostamento e tiram fotos para registrar.

Uma senhora cuida dos jacarés, por isto que as pessoas conseguem chegar próximo. Eles são bem cuidados, tratados e domesticados no local. Se não for um caso assim, não é indicado chegar perto.

– A gente compra carne, aquela gordura. São criados da gente mesmo. Comecei esta população de jacarés faz 35 anos. Há 1,4 mil jacarés aí. Quando eles botam ovos, eu que cuido.  Eu chamo e eles vêm. Tenho carinho por eles, se não tivesse não estaria aqui no Pantanal.  Mas ensinado mesmo, que eu converso são só 60 jacarés. Eles têm nome – diz Maria Fátima de Barros, que é quem alimenta os animais.

Corumbá (MS)
Segundo a tradição, quem chega em uma comitiva tem que usar chapéu. Caso contrário, a pessoa é punida, tem que pagar uma janta para a comitiva.

– Eu não posso estar sem chapéu. Se eu tiver sem chapéu, pago um frango. Na primeira janta que eu cheguei, tive que pagar um frango. É regra para o cara ser corrigido – explica o pantaneiro Paulo Nilton.

Isto vale para quem trabalha na comitiva, então a equipe está perdoada. Porém, na dúvida, é bom chegar com chapéu de pantaneiro para cumprimentar o pessoal.

A chegada foi em um dia atípico. Um dos mil duzentos e vinte quatro bois ficou para trás e os pantaneiros perderam horas para reencontrá-lo. Por isso, eles ficam no acampamento.

Depois de um mês viajando na estrada, de cidade em cidade dormindo em hotéis, a noite vai ser diferente para os meninos do Na Estrada, que vão dormir acampados. As barracas já estão prontas. E é na volta do fogo, no fim da tarde, que eles começam a conhecer um pouco mais a cultura do pantaneiro, ouvindo as histórias e sabendo mais da vida de cada um.

– Rapaz, eu saí de casa com 12 anos. Fui trabalhar em fazenda. Viajar mesmo comecei em 1996. Eu largo qualquer coisa para estar na comitiva – diz o pantaneiro Luiz Miranda Marcondes.

Chegando a hora do jantar, o cozinheiro Vitório Pereira de Souza prepara feijão, arroz e linguiça.

Depois do jantar, às 19h todo mundo vai se acomodando. Já é noite e tem uma preocupação na madrugada. A onça gosta de sangue novo e dormir na beirada é preocupação. Perigoso, não dá para descansar.

Chegou a hora de ir dormir, passar a noite no pantanal. Pernilongo, animais, há um certo “medinho” no ar, mas não teve jeito: foi cada um pra sua barraca e seja o que Deus quiser.

O despertar é cedo. Às 4h30min da manhã todos estão de pé. Antes de sair, é preciso conferir se não fugiu nenhum boi. Mentalmente, o chefe da comitiva faz as contas, com precisão. Não pode haver erro.

Entretanto, um novo imprevisto atrasa a saída. Faltaram oito burros na tropa. O pessoal entrou Pantanal adentro para procurar estes animais. Durante a madrugada, eles saíram para pastar e se afastaram muito, e a comitiva não sai sem eles. Os burros são essenciais na caminhada da comitiva.

Depois de mais ou menos uma hora procurando, ainda faltam dois animais.

O sol já ilumina todo Pantanal quando a comitiva parte conduzindo o gado. São 10 dias de viagem, e por isso a equipe do Na Estrada dá tchau para a comitiva e segue viagem pelo Brasil.

Teles Pires (MT)
Depois de mostrar o gado conduzido a pé no Pantanal mato-grossense-do-sul, o destino será o Estado de Goiás onde as comitivas estão perdendo espaço para as transportadoras. Escolhemos um caminho alternativo que passa por dentro do Parque Nacional do Xingú.

A caminho do Parque Nacional, a travessia do rio Xingú, administrada pelos índios, não é fácil. Ainda restam muitos quilômetros para o Parque Nacional do Xingú. A equipe está a caminho e para na BR 080 ou MT 322 para mostrar que ela está em obras, está sendo pavimentada. Mas o que parece é que o processo é um pouco lento. Ninguém foi encontrado trabalhando por aqui. Só uma placa que sinaliza que o trecho está em obras, mas a placa está com barro e com poeira.  E o aspecto que se tem é de abandono.

Para não perder a balsa do Xingú, é preciso chegar até as 17h, mas a estrada é pior do que se pensava. Não se sabe quanto tempo falta porque não tem placa, não tem sinalização, não tem nada. Um tempão viajando e parece que nunca chega.

Parque Nacional do Xingú (MT)
Finalmente a equipe entra no Parque Nacional do Xingú, a maior reserva indígena do mundo. Quem administra a balsa são os próprios índios. Dizem que não há preço tabelado, cobram de acordo com humor.

Como lá é uma hora a mais, para eles já são 17h15min. Está saindo a última balsa, a equipe deu sorte.

Em cima da balsa atravessando o rio Xingú, foi necessário gravar dentro da cabine, porque os índios que administram a balsa não gostam que grave do lado de fora. Eles pedem para guardar e até ameaçam tomar o equipamento.
 
Finalmente passamos pelo parque e pelos índios que cobraram R$ 80 a travessia que dura menos de 10 minutos.

Rio das Mortes (MT)
Mais estrada de chão pela frente: 150 quilômetros. A equipe já fez uns 50 ou 60 quilômetros, e agora precisa atravessar uma nova balsa.

Nova Crixás (GO)
A aventura valeu a pena. Uma realidade diferente é encontrada. Ao contrário do Pantanal, em Goiás muitas estradas foram abertas, o que favoreceu o surgimento de novas transportadoras. No lugar do gado tocado a pé, o gado conduzido por meio de estradas de mata, o pessoal agora transporta, tem nota e caminhão.

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