A viagem começa em Nova Crixás (GO), rumo a Belém (PA). São cerca de dois mil quilômetros de estrada. Depois de 30 horas no caminhão, o Na Estrada atravessa a Capital paraense. A balsa que leva à Ilha parte no início da manhã. A equipe deixa o caminhão de lado, para embarcar, às 6h30, em uma nova jornada, durante aproximadamente quatro horas.
Já na chegada, é possível ver os animais imponentes. Há cerca de um milhão de cabeças de búfalos, que representam 40% do rebanho brasileiro de búfalos, com um milhão de cabeças. Na Fazenda Paraíso, o criador José Rocha fala sobre a relação dos bubalinos com a região.
– A ilha sempre teve esta tendência da pecuária. E aqui foi durante muitos e muitos anos o abastecedor de Belém. Depois da Belém Brasília, a coisa mudou. Chegaram fazendeiros de fora, se explorou muito Belém Brasília e ela passou a disputar e até ganhar do Marajó o mercado de carne e do próprio leite – relata.
O fazendeiro mostra o processo de ordenha, que passa por algumas etapas. Primeiro, é feita a higienização dos animais em um lago. O leite é usado para a produção de queijo, além de ser vendido e consumido na propriedade. Os búfalos têm nomes e atendem quando são chamados por eles.
O criador Mario Nunes também produz leite. Ele explica que este é o produto mais nobre proveniente do animal.
– Estamos em uma região propícia para búfalo e com um mercado de queijo latente. Há uma carência muito grande. É um leite que tem 8% de gordura, o rendimento para fazer queijo é sólido e fantástico em relação ao do bovino, que é de 3% – diz.
Na Ilha, um açougue vende somente carne de búfalo. De acordo com a operadora de caixa Rosiléa Pacheco, os moradores procuram mais pela carne do animal do que de gado. Alcatra e cham são as peças mais consumidas. Ela aponta que são vendidos cerca de 400 quilos por dia.
Contratempo
A equipe acompanha o transporte de mais de 50 búfalos pelo Rio Camará. Com uma rabeta, são duas horas de estrada até a Fazenda do Carmo, onde está o rebanho que irá para o abate. No início da viagem, porém, um imprevisto: a hélice do barco quebra e é necessário retornar. Após remover parte do peso da embarcação, é possível prosseguir e o problema é resolvido.
Os barcos com os animais partem à noite, quando a maré fica mais alta. O trajeto tem 12 horas de duração. Como a equipe acompanharia apenas um trecho do caminho, foi deixada no local combinado por volta da meia-noite. Foi então que se apresentou mais um obstáculo. O carro que os aguardava estava do outro lado de um rio e não havia embarcações àquele horário. Somente às 4h, foram resgatados por pescadores. A partir de então, tudo ocorreu de acordo com os planos.
>>Galeria de fotos