Ao invés de grandes produções e cachês, vídeos caseiros com famosos defendendo a preservação das florestas. Lançada pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, a campanha quer chamar a atenção da sociedade para as discussões em torno da reforma do Código. A ideia da gravação dos vídeos foi do badalado diretor de cinema, Fernando Meirelles. Uma forma de demonstrar indignação.
? O que nós esperamos é que o Senado entre na discussão do mérito. Que se discuta efetivamente os instrumentos do Código Florestal, a aplicação desse Código e o impacto dele na vida brasileira e na economia nacional. Mas não só do ponto de vista da agricultura, mas também do ponto de vista do nosso patrimônio florestal ? ressalta a secretária adjunta do Instituto Sócio Ambiental, Adriana Ramos.
O relator na Comissão de Meio Ambiente, senador Jorge Viana (PT-AC), saiu em defesa da iniciativa.
? O que não estava ajudando era um debate num confronto entre ruralistas e ambientalistas. Mas as pessoas da sociedade, que inclusive tem influência, mostrarem preocupação com nossas florestas, com nossos recursos naturais, eu acho que ajuda. O Senado está fazendo um debate equilibrado. Estamos conversando com quem produz, quem trabalha a terra, com cientistas que não tinham sido ouvidos da maneira como poderiam na Câmara dos Deputados ? pontua o senador.
A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) sugere que os artistas defendam também problemas urbanos e defende os produtores rurais.
? Nos últimos 35 anos, o dado é da Embrapa, houve um aumento na área plantada, na área cultivada do Brasil, de 48%. No mesmo período, ou seja: 35 anos, a produtividade e a produção de alimentos aumentou 268%. Graças ao trabalho incansável de produtores que acreditam na seriedade, na responsabilidade e no compromisso com a produção sustentável ? afirma.
Os organizadores da campanha também estão fazendo um abaixo assinado pedindo alterações no texto que está no Senado. Desde que os vídeos começaram a ser exibidos na internet, nesta semana, eles estimam que as adesões online aumentaram de 15, para 25 mil. Manifestações populares, que incentivem a discussão e até mesmo pressionem os parlamentares, são vistas como positivas pelos especialistas em comunicação.
? Acho que cai no momento certo porque as pessoas estão tendo a convicção de que se elas não se mexerem, nada muda. E de que não cabe só aos partidos políticos, a sindicatos ou a organizações profissionais decidirem o futuro do país. Cabe a nós todos. Essa sacudida é interessante ? ressalta a professora do núcleo de mídia e política da Universidade de Brasília (UNB), Célia Ladeira Mota.
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