A passagem da expedição Soja Brasil por Cristalina, no leste de Goiás, foi debaixo de chuva. Chuva que está atrapalhando o serviço do operador de colheitadeira Jerri Rocha Viana.
– Conseguiu colher bem no primeiro dia, depois, só algumas horas nos dias seguintes – diz.
Na fazenda em que Viana trabalha, a soja ocupa 700 hectares. A área irrigada, de 100 hectares, uma das mais precoces da região, começou a ser colhida há uma semana. A produtividade média até aqui é de 65 sacas por hectare. O produtor esperava um rendimento maior, mas está satisfeito. O que começa a preocupar é o ritmo dos trabalhos.
– Colhemos apenas 30 hectares, há mais 70 dessecados para colher – diz o produtor Plínio Fontão Peres Neto.
Mas se a chuva atrapalha a colheita, também alivia a apreensão com as lavouras de ciclos mais tardios, que estavam ameaçadas pela estiagem prolongada.
– Entre uma e outra, torço para que a chuva continue, para melhorar as lavouras tardias – comenta Neto.
Em Cristalina, foram plantados 186 mil hectares de soja nesta safra. 10% são irrigados por pivôs centrais e foram semeados no início de outubro. O restante foi cultivado até o dia 15 de dezembro. Nesta fase inicial da colheita, a paisagem formada nos campos chama a atenção.
A mistura de cores, um retrato do plantio escalonado, é uma das características da produção de soja na cidade. As áreas mais precoces, que começaram a ser colhidas agora, representam apenas 30% do espaço total ocupado pela oleaginosa. Por isso, a maior concentração dos trabalhos em campo deve acontecer quando a área mais verde estiver pronta para ser colhida. O que está previsto para ocorrer entre o final do mês de fevereiro e meados de março.
Na safra passada, o excesso de chuvas no final do ciclo e a ocorrência do mofo branco comprometeram a produtividade na região. A média foi de 46 sacas por hectare. Desta vez, os agricultores torcem por uma colheita mais expressiva. Vão reforçar o combate à doença, mas sabem que o sucesso agora vai depender diretamente da ajuda do tempo.
– Nas primeiras áreas, a produtividade chegou, em média, a 60 sacas. As mais tardias ainda serão avaliadas. Estamos torcendo pelo retorno da chuva – diz o produtor e consultor agrônomo Renato Leal Caetano.