O produtor Rubens Valentini adquiriu uma propriedade no Centro-Oeste há 30 anos, onde um terço da área havia sido devastada pelo fogo. Dessa forma, Valentini optou por não plantar nos cem hectares.
? Eu achei que não justificava desfazer desse cerrado para ter uma baixa produtividade, uma vez que a terra não é lá essas coisas ? apontou o produtor.
Ao longo dos anos, Valentini percebeu as mudanças na paisagem.
? Você tinha algumas arvorezinhas e muito capim comum, gramíneas nativas. Na medida em que não foi queimando, eu só posso atribuir a isso, as coisas vão mudando. O porte dessas poucas cresceu e cresceram outras das mesmas e de outras variedades e o adensamento (urbanização) foi muito significativo ? afirma o produtor.
A recuperação natural de áreas desmatadas é indicada pelos órgãos ambientais, mas muitos produtores desconhecem a alternativa, que reduz os custos em até 90%. De acordo com o diretor do Departamento de Florestas do MMA, João de Deus Medeiros, existia um problema sério quando se difundiu a recuperação dessas áreas no Brasil por conta dos altos custos que tornavam inviáveis que o processo fosse realizado pelos produtores.
? Precisamos desconstruir isso porque vivemos em um país que, de um modo geral, a capacidade de recuperação dos ambientes é extremamente favorável. Nós temos clima favorável, grande disponibilidade de água e sol disponível o ano todo ? disse Medeiros.
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) propôs uma emenda ao texto do Código Florestal, que dá essa opção a quem precisar recompor áreas de preservação permanente. O objetivo é popularizar a idéia.
? Essa sugestão foi trazida pela comunidade científica em uma das audiências públicas realizadas pela Comissão. Há um ambiente muito positivo, o governo entende que é um avanço nesses artigos e eu tenho a impressão de que em algum momento ele vai entrar ? afirma o senador.
A técnica também é defendida por especialistas. Segundo o engenheiro florestal Eleaza Volpato, se não houver uma área que foi terrivelmente degradada, o restante a própria natureza se encarrega de recuperar.
? Seja através dos pássaros, animais ou o vento, vão lançar nessas áreas as espécies pioneiras. E em um processo de sucessão vamos criando um ambiente natural para o surgimento das espécies que vão fazer a ocupação definitiva dessas áreas ? disse o engenheiro.