Cacau e Chocolate

Comercialização

O público consumidor tem recebido bem a novidade. A chocolatier Luana Lessa é sócia-proprietária de outra marca baiana de chocolate de origem, a Chor, e conta que vê a mudança no comportamento do público.

“A gente está com a loja há três anos e vem percebendo uma mudança de comportamento do consumidor. Antes, ele valorizava realmente o açúcar, o doce. E hoje não, ele sabe que quanto mais cacau, mais benéfico à saúde ele vai ser. Então, hoje ele já chega falando de percentual de cacau: cadê o 70% cacau? Isso era uma coisa que antigamente a gente não via”, relata.

Há quatro anos, o sócio de Luana participou do Salon du Chocolat de Paris e ouviu lá que o Brasil não teria condições de fazer chocolate de qualidade, porque não produzia boas amêndoas. “Hoje, em 2015, ele já ouviu o contrário: Nossa, o Brasil já está produzindo um chocolate de qualidade”, conta e comemora ela.

A especialista Chloé Doutre-Roussel confirma. Ela se dedica ao assunto há mais de 35 anos e elogia o desenvolvimento do produto brasileiro, mas pondera que ainda é preciso avançar.

“Para mudar a situação do Brasil não é só necessário que as marcas produzam um melhor chocolate, mas também tem que educar o mercado. Porque se há muita gente fazendo um chocolate mais caro, tem que educar o mercado para entender que esse chocolate é melhor e tem que pagar mais caro”, diz Chloé.

O Brasil, que já foi o maior produtor de cacau do mundo, hoje ocupa o quinto lugar – junto do Equador corresponde a 30% da produção mundial, já os demais 70% estão na África e na Ásia. O reconhecimento do mercado internacional pode ajudar o país a recuperar a competitividade. O vice-decano do corpo consular da Bahia, Wilson Andrade, conta que tem sido feito um esforço muito grande, primeiro para trazer o conhecimento, trazer o processamento, a experiência de grandes chefes do mundo que estão vindo para a Bahia para fazer treinamentos e preparar a produção local.

“Mas isso será numa escala muito maior e numa velocidade muito maior também se nós trouxermos médios e grandes investidores do setor, que já têm máquinas, que já tem know-how e que já tem o mercado de distribuição não só no seu país, seja Espanha, Suíça, Itália, Estados Unidos”, aponta Andrade.

No Brasil, para encontrar os chocolates finos de origem é preciso procurá-los nos setores de produtores especiais dos supermercados ou em lojas de marca. Para o consumidor final, no varejo, o custo é pelo menos três vezes superior aos chocolates comuns.