No Vale do Araguaia (GO), no município de Itapirapuã, a equipe da Rota da Pecuária recebeu uma aula de gestão na Fazenda Buritis e Marca, de Rodrigo Albuquerque. O controle rigoroso de todos os passos da propriedade, mostrado na tela do computador, reflete o trabalho realizado no campo. Um exemplo é o projeto de recria e engorda iniciado em novembro do ano passado, com o objetivo de aumentar a produtividade do rebanho.
Em sete meses de implantação do projeto, a expectativa já é de dobrar a produção anual de arrobas, de 2012 para 2013. A marca de 5,4 arrobas por hectare deve pular para 10,77, e, o principal, mantendo o mesmo número de cabeças do rebanho.
– Dobramos a produção de arrobas na propriedade neste ano basicamente mudando o foco de todo o mundo, da gestão da fazenda, da alta diretoria da fazenda, dos peões, dos capatazes, para a produção. Alocamos o melhor boi para o melhor pasto. E racionalizamos o pastejo – afirma Albuquerque.
Os animais foram pesados em novembro e divididos em categorias, recebendo marcação com números de 1 a 11. Com o carimbo abaixo de 3, os animais são descartados, pois têm menos de 3 arrobas. E, quanto menor o número, maior é o desafio de engorda.
– O animal número 3, que é um animal mais leve em novembro, tem que obrigatoriamente comer somente pastos de primeira qualidade, para que, no final do programa de recria e engorda, que é em maio ou julho, ter 12 arrobas para ir para um confinamento. Já o desafio com um animal carimbo 11 é muito menor. Podemos deixá-lo numa estratégia nutricional de pasto de suplementação um pouco menos prioritária do que para o animal carimbo 3 – acrescenta o pecuarista.
O sistema de carimbo orienta o manejo, que é feito por categorias e que possibilita o controle de cada rês da propriedade. O projeto reduziu custos de R$ 90 por arroba em 2012 para R$ 70 em 2013. E também facilitou o planejamento de comercialização dos animais.
– Em novembro, eu sei quantos animais carimbo 11 eu tenho. Consequentemente, eu sei quantos animais para abater em fevereiro eu tenho, por exemplo – continua Albuquerque.
No município de Araputanga, em Mato Grosso, a Fazenda Adorama também é exemplo de que os resultados chegam através de uma boa gestão. A propriedade iniciada na década de 1970 passou por um longo processo de degradação dos pastos, principalmente com o ataque de cigarrinha. Mas, há10 anos, um projeto de reforma e controle individual de cada pasto vem fazendo a diferença. O pecuarista Carlos Sérgio Arantes trocou a monocultura por diferentes tipos de capim, e hoje consegue obter até 10 arrobas produzidas por hectare por ano, somente com o sistema de engorda a pasto.
– O custo é grande, o trabalho é grande, mas o resultado compensa – afirma Arantes.
Com a ajuda de uma simples planilha, é possível monitorar as pastagens e fazer o manejo adequado.
– Nós fazemos cria, recria e engorda. Nosso gado é todo carimbado por nascimento. Recalculamos o peso a cada dois meses. No final, temos o suporte e o resultado. Se o pasto se apresenta um pouco abaixo do ideal, nós remanejamos o gado – acrescenta Arantes.
Tecnologia a favor de resultados foi o que a equipe da Rota da Pecuária encontrou na Fazenda 3R, em Figueirão (MS). A propriedade desenvolveu um software específico que possibilita o controle das informações financeiras, dos funcionários do gado, dos implementos, maquinários e veículos, patrimônios e insumos. É possível acessar o programa de qualquer lugar que tenha internet.
– O software faz controle de pesagem, de aplicação de medicamentos, de estoque, de onde estão os animais, em que invernadas estão, categoria de gado. O software completa com eficiência o que atende à minha necessidade – diz o gerente da fazenda, Rogério Rosalin.
A gestão dos dados na propriedade, de Rubens Catenacci, ampara um trabalho fundamentado no tripé genética, manejo e nutrição, que é responsável por produzir 3 mil bezerros de corte por ano.
– Cada vaca aqui na fazenda é uma máquina. A fazenda é como uma pecuária tocada em escala industrial. A vaca tem que desmamar o bezerro com no mínimo 210 quilos as fêmeas e 230 quilos os machos. Se não alcançar essa média de produções, está fora do rebanho. E, para controlar isso, somente com o software – afirma Rosalin.