O bicudo-algodoeiro é tão danoso e causa tanta preocupação nas lavouras de algodão que, para controlar a praga, os produtores rurais fazem até 15 aplicações de inseticidas durante a safra. O problema é que 90% das pulverizações são realizadas com o mesmo princípio-ativo e modo de ação. Se a fórmula é usada em grande escala nas lavouras, o risco da população de insetos se tornar resistente é legítimo.
Por isso, o ideal é rotacionar a fórmula já utilizada em grande escala a um produto sistêmico e de contato, que tenha uma ação de choque e efeito prolongado. A combinação é fundamental para o combate a essa praga.
“Essas ferramentas à disposição dos agricultores tem um princípio-ativo altamente potente não só contra o bicudo, mas também defendem a lavoura de outros sugadores como a mosca branca, o pulgão e os percevejos, que acarretam prejuízos econômicos e diminuem a qualidade da pluma produzida”, afirma Márcio Trento, gerente da cultura do algodão da Syngenta.
De acordo com o engenheiro agrônomo, o bicudo tem dificuldade de reprodução no período de seca, mas mesmo assim consegue sobreviver na vegetação nativa e nos restos culturais. A melhor maneira de se defender é não abrir mão dos principais métodos de controle, utilizando armadilhas para captura de indivíduos adultos e destruição de soqueiras, bem como plantas voluntarias e hospedeiros alternativos.
Ainda assim, é difícil evitar o crescimento da praga e diminuir a quantidade de pulverizações. Por isso, segundo Trento, rotacionar os princípios-ativos e modos de ação dos defensivos é fundamental para evitar o aparecimento incontrolável da praga nas plantações de algodão.
Outras ações
Boas práticas culturais, como por exemplo, eliminar as plantas daninhas (hospedeiros alternativos) na pré-safra, destruir soqueiras e plantas voluntarias na entressafra, além de fazer o plantio sempre dentro da janela recomendada para cada região, são ações tomadas por produtores bem sucedidos do setor algodoeiro que reduzem a pressão da ocorrência do inseto nas propriedades.
“São medidas importantes, mas volto a repetir, elas podem não ter o efeito desejado se a rotação de produtos não for implementada na hora das pulverizações. Controlar a praga passa pelo uso de um inseticida sistêmico e de contato, que tenha ação de choque e efeito prolongado”, reforça.
Final da colheita
Nos principais estados produtores do Brasil, a colheita já foi encerrada. A safra recém colhida após termino do beneficiamento da pluma deverá atingir a marca de 2,8 milhões de toneladas da pluma, volume maior na comparação com a safra passada, que chegou a 2 milhões de toneladas.
Dois terços do volume colhido terão como destino o mercado exterior e o restante será consumido no mercado interno, situação que coloca o Brasil em um patamar de destaque global, como segundo maior exportador mundial de algodão.
Um bom sinal e ótima notícia para o agronegócio brasileiro. O sucesso das lavouras passa por escolhas corretas, aposta em tecnologia e investimentos em produtos consolidados no mercado, com potencial para solucionar problemas e vencer os principais desafios do campo.
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