Na região da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, a colheita do café está chegando ao fim com aquela sensação de alívio para produtores rurais que no último ano enfrentaram uma verdadeira bagunça, causada pela adversidade do clima.
O momento agora é de olhar para frente e pensar na safra de 2020, que já começa com a preocupação dos agricultores em relação à chuva. O mês de agosto na cafeicultura é marcado pela dormência da chamada gema floral, que naturalmente sofre um estresse hídrico. Para que tudo dê certo, essa falta de água deve se prolongar até o final de setembro, já na primavera, época das chuvas. Só nesse período a precipitação hídrica é bem-vinda nas lavouras de café localizadas em Minas Gerais.
Há exatamente um ano, a chuva chegou 30 dias antes do previsto. A planta acelerou o ciclo e produziu floradas precoces. Não bastasse isso, todo o segundo semestre foi marcado por chuvas esparsas que provocaram dezenas de mini-floradas fora de época.
“Uma das consequências dessas floradas fora de época é que, muitas vezes, o produtor rural fica inseguro e não sabe a hora certa de realizar a aplicação de fungicidas. O ideal é ter um profissional habilitado na lavoura para lidar com situações adversas”, diz Bruno Takay, gerente de café da Syngenta.
Hora de ficar atento
Um ano depois da chuva antecipada, a sensação novamente é de apreensão. O produtor rural, segundo Takay, deve estar atento. Se nos próximos dias houver registros de quedas de temperatura associada ao início das chuvas, estando as flores na fase de cotonete, o ideal é já fazer a primeira aplicação de fungicida. “A confusão do clima deixa o produtor meio perdido em saber qual é a pré e a pós-florada. Todavia, o importante é se atentar na florada que for responsável por maior parte da produção daquele ano, e isso varia de região para região”, alerta o agrônomo.
Se o cafeicultor não tomar os cuidados necessários, a lavoura fica vulnerável ao chamado complexo das doenças da florada. A mancha de phoma, que ataca as folhas, ramos e frutos em desenvolvimento; a cercosporiose, que atinge os frutos; e a mancha aureolada causada por uma bactéria são doenças que atacam a plantação exatamente nesta época do ano.
Algumas doenças podem ser facilmente confundidas. Saiba como diferenciá-las.
Mancha aureolada
A mancha aureolada inicialmente ataca as bordas das folhas, que por sua vez apresentam lesões de colorações pardas e com halo amarelado. É uma doença bacteriana, de modo que as lesões nas folhas mostram um sintoma de encharcamento, principalmente quando analisada contra a luz. Com o desenvolvimento da doença, o ramo todo pode secar, porém, as folhas, mesmo secas, permanecem aderidas ao ramo já morto, sendo este um bom parâmetro para diferenciá-la da mancha de phoma.
Mancha de phoma
É a principal doença do período da florada do cafeeiro, podendo atacar desde folhas, ramos bem como os frutos em estágio final de desenvolvimento. Identificada pelas manchas escuras nas folhas, que aparecem em tamanhos variados. As lesões podem envolver todo diâmetro dos ramos e secar a extremidade ou o ponteiro. Ao contrário da mancha aureolada, não apresenta o halo amarelado em volta da mancha escura e, conforme se desenvolve no ramo, percebe-se a queda das folhas secas. Quando ataca as rosetas, pode levar ao menor pegamento da florada, gerando grandes perdas de produtividade.
Cercosporiose
Seus sintomas podem ser facilmente identificados nas folhas pelas manchas circulares de cor marrom, halo amarelado e centro claro, fazendo alusão a um olho, por isso, conhecida popularmente como “olho de pombo”. As lesões podem evoluir e levar à queda das folhas. A doença também pode se manifestar nos frutos, com manchas de cor escura, muitas das vezes sem a presença do halo amarelado, levando ao afundamento da casca e perdas da qualidade e produtividade (queda dos frutos atacados e chochamento).
A maneira mais eficaz de controlar essas doenças é com a utilização de fungicidas de amplo espectro de ação e também com produtos que evitem o desenvolvimento de resistência. O mesmo fungicida foliar consegue reunir esses dois grandes benefícios.
Safra do café 2019
O final da colheita no mês de agosto encerra o ciclo e ratifica uma safra com produtividade inferior e um produto com baixa qualidade. Ao contrário de 2018, quando o clima colaborou e a florada foi uniforme, resultando em frutos que amadureceram na mesma época e ajudaram a colocar no mercado um café com o selo de qualidade característico da produção produção nacional, a safra 2019 veio cheia de desafios, trazendo consigo perdas na qualidade bem como na produtividade do cafeeiro.
A safra 2020 será o fiel da balança. Ao produtor rural não basta torcer pelo clima favorável, é preciso agir na hora certa, com precisão, informação e tecnologia. Sabemos que o clima é sempre um fator desafiador, todavia, no que depender dos demais, a safra que está iniciando será um sucesso!
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