As chuvas que castigaram o Cerrado logo no início do plantio da soja no ano passado mudaram a rotina de alguns produtores rurais em Mato Grosso. Enquanto alguns agricultores mantiveram o calendário e plantaram o grão no início do ciclo, outros atrasaram a semeadura, perderam o tempo ideal logo depois do vazio sanitário e plantaram mais para o final da janela que seria o ideal.
“Esse cenário nos remete para uma situação de soja plantada em vários momentos e isso pode favorecer a pressão de doenças, diferentemente de safras passadas, quando nós tínhamos uma semeadura mais homogênea concentrada no início da janela de plantio e, consequentemente, um escape do momento de maior pressão”, explica o engenheiro agrônomo Lúcio Zabor, gerente de fungicidas Brasil em pesquisa e desenvolvimento da Syngenta.
Ao contrário de anos anteriores, quando as safras foram mais regulares, o cenário do último plantio mais distribuído dentro da janela favoreceu uma exposição maior a doenças.
Recomendação
A orientação de especialista em situações como essa é para que os produtores rurais não abram mão de toda tecnologia que tem à disposição, sempre respeitando as recomendações dos consultores e as características dos produtos. O segredo, segundo o engenheiro agrônomo, é não abrir mão de nenhuma aplicação que seria feita numa situação regular, levando-se em conta que o cenário agora é mais delicado.
“Não se pode abrir mão do intervalo entre as aplicações, respeitando sempre o intervalo de 14 dias, principalmente no manejo de doenças, e utilizar os produtos de acordo com as características de cada grupos químicos. Ou seja, produtos que contenham carboxamidas devem ser aplicados preventivamente até 45 dias, e preferencialmente em combinações com outros modos de ação e aí entram os triazóis. A associação entre carboxamidas e triazóis favorece um melhor controle nessa fase”, afirma Lúcio Zabor.
Hora de investir
De acordo com o gerente de fungicidas da Syngenta, alguns produtores, em função das chuvas no início do ciclo, seguram os investimentos. Um erro, segundo ele. É justamente nesse momento que o agricultor não deve abrir mão das tecnologias e muito menos repensar o número de aplicações.
“Num cenário como esse, o produtor deve redobrar as ações que teria em relação a uma situação regular. Tudo que se preconiza numa situação normal, ele deve repetir à risca num panorama onde a soja está sendo plantada um pouco depois. E é fundamental que siga as recomendações de empresas, consultores e agrônomos da sua região produtora”, diz Zabor.
Outra dica é a utilização de fungicidas multissítios, com várias opções no mercado, dependendo da orientação técnica, que também pode indicar outros produtos que vão trazer controle, espectro e a melhor conveniência, dependendo do momento da safra. “E nunca se descuidar das aplicações que vem logo na sequência no período reprodutivo, respeitando os intervalos de 14 dias”, finaliza o engenheiro agrônomo.
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