Cooperativas reivindicam ampliação do crédito e taxas de juros mais competitivas

Pedido foi encaminhado aos presidenciáveis por meio do Plano de Ação do AgronegócioÉ necessário fortalecer programas de financiamento para investimento e capital de giro às cooperativas, garantindo a ampliação contínua dos recursos, com taxas de juros competitivas, de forma a viabilizar o desenvolvimento permanente das cooperativas.

A pastagem seca logo vai ficar verdinha para receber o gado. O Ricardo Lunardi, dono da propriedade não vê a hora do trabalho pronto. Ricardo tem um plantel de mais de 600 animais da raça simental. Quando começou, não tinha mais que 70 matrizes. O número cresceu porque conseguiu crédito no mercado. E crédito com taxas mais baixas, com prazo mais estendido do que se tem hoje a disposição, de forma muito facilitada e rápida, porque foi crédito de uma cooperativa.

– Às vezes você solicita um recurso e tem que esperar seis meses para conseguir a liberação. É realmente importante que haja agilidade – comenta o pecuarista.

No último contrato de financiamento que fechou com a cooperativa, Ricardo demorou pouco mais de um mês para ter o dinheiro na conta. Foram R$ 200 mil, que vai pagar com juros de 5,5% ao ano. O dinheiro permite que ele faça a retenção de fêmeas, e, assim, reforce o rebanho. Não precisa se desfazer de todas na hora da comercialização.

Ricardo é cliente do mesmo banco em que Wellington Ferreira trabalha. O sistema Sicredi, que integra mais de 100 cooperativas em 11 Estados e tem pelo menos 2,5 milhões de associados. Wellington é o presidente de uma das cooperativas, que atua no Paraná e em São Paulo.

– A gente sabe das dificuldades que tem de acesso ao crédito, mas a maneira mais simples, mais fácil do recurso chegar às mãos dos produtores rurais é através das cooperativas de crédito, que têm uma afinidade muito grande com seus associados. Precisamos muito do apoio do governo, da equalização das taxas de juros nos recursos obrigatórios dos bancos, que são as duas fontes que nos temos para atender os produtores rurais – explica.

As reivindicações do setor no que se refere a crédito e disponibilidade de recursos fazem parte do Plano de Ação aos Presidenciáveis, elaborado por especialistas. Para o tema, a proposta sugere o fortalecimento de programas de financiamento para investimento e capital de giro às cooperativas, garantindo a ampliação contínua dos recursos, com taxas de juros competitivas, de forma a viabilizar o desenvolvimento permanente das cooperativas.

– Acreditamos que precisa ter taxas referenciais de juros compatíveis com o negócio, mas ela tem que estar inserida dentro de um programa de médio e longo prazo e que tenha uma visão comercial – diz o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas.

Quando fala de crédito, o presidente da OCB se refere à política agrícola. Diz que o crédito é só um ponto de uma política como o setor espera. Bastante crítico sobre o assunto, ele diz que muito precisa ser feito.

– A política de crédito é extremamente limitada. Ela não tem nem um ano de duração, ela tem o período da safra executada, então eu acho muito míope a visão do crédito como política agrícola.

A solução, ele mesmo sugere.

– As cooperativas são players importantes dentro do processo da economia global e nacional. É importante que elas estejam inseridas e sugerir planos, projetos e ideias para que os próximos governantes tenham mais consciência desse papel.

Dos resultados, quem está no campo sabe bem.

– Apesar de hoje a gente já ter uma condição bem mais favorável, a gente já tem escala, a rentabilidade da propriedade é outra. É interessante você obter este recurso e cada vez mais. São inesgotáveis as possibilidades, em função da tecnologia existente, de você verticalizar a produção – explica Ricardo.