O coordenador de agronegócio da FGV, Roberto Rodrigues, avalia que os deputados devem chegar a um consenso antes da Rio+20. Ele afirma que seria negativo para o país deixar que o debate seja influenciado pela conferência.
– Não votar isso para esperar uma pressão externa sobre o nosso parlamento e fazer uma votação com base no que desejam outros países é desagradável e indesejável. É aceitar pressões de fora, ignorando a verdadeira dimensão do projeto para o agronegócio nacional – aponta.
Para o diretor de Agronegócios da Cooperação Financeira Internacional, instituição ligada ao Banco Mundial, Luiz Daniel de Campos, o debate sobre a nova lei ambiental está prejudicado porque ficou polarizado demais entre ruralistas e ambientalistas. Ele também entende que um consenso deve ser encontrado antes da conferência. Porém, acredita que, da forma como se encaminha a discussão, o Código, mesmo depois de aprovado, pode ser vetado pela presidente Dilma Rousseff.
– O Brasil perde uma grande oportunidade de se vender com o que de fato faz. Apesar de algumas pessoas dizerem o contrário, eu acredito que o país tem um agronegócio com sustentabilidade. Ele só não consegue vender isso para o mercado internacional – afirma.
O debate é complexo, na opinião do presidente do Conselho da organização The Nature Conservancy no Brasil, Werner Grau Neto. Por isso, ele acredita que o texto deve ser votado quando efetivamente estiver pronto e com o suporte de um consenso. E acrescenta que a discussão deve estar alheia à participação brasileira na Rio+20.
– Nós temos que discutir outras coisas. Não podemos deixar que uma eventual não votação do Código Florestal nos coloque na condição de vilões. É uma situação delicada, mas temos que estar preparados. Se a decisão for “não estamos maduros para votar”, não vamos votar e vamos aguentar a pressão – diz.
Independente do impacto da matéria sobre a participação brasileira na conferência da ONU, em um ponto, os especialistas concordam. A demora em definir a situação prejudica investimentos no Brasil.
– Ninguém sabe quando esse Código será aprovado, quando ele vai entrar em vigor. Isso gera uma insegurança grande e, naturalmente, uma redução de investimentos no Brasil – declara Campos.
– Toda e qualquer legislação ou programa como este, que estabelece políticas para o setor rural, tem que ser feita de maneira rápida, para que o setor não fique amarrado mais um pouco – complementa Rodrigues.
– A gente sai perdendo de todos os lados. Eu ouço amigos e clientes que são do agronegócio dizendo “eu não vou investir, porque não sei qual é a regra do jogo” e faz sentido. E o pessoal das ONG’s ambientalistas dizem a mesma coisa. Se mudar a regra, eu vou trabalhar com a regra nova. Se não mudar, vou trabalhar com a atual, que hoje eu não sei – pontua Neto.
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