– No começo, faltava luz. Nós ficávamos três, quatro dias sem luz. Sem água. Era bem complicado – conta Michelini.
O sojicultor conta que, por necessidade de renda, a pecuária tem certas limitações na região. Por isso, a família foi buscar uma oportunidade na agricultura.
– Antigamente se trabalhava – meu Deus – até meia noite. Às vezes, se passava a noite e eu esperando o Juliano para dar a janta e aquela confusão. Os funcionários trabalhando dia e noite, porque, às vezes, muitas vezes, perdemos algumas safras que chegaram a apodrecer porque o tempo não nos ajudou – conta Janice Michelini, esposa do produtor.
Apesar de todas as dificuldades, Juliano Michelini nunca pensou em abandonar a agricultura. Hoje, a administrção da fazenda é compartilhada.
– Eu não penso em parar de trabalhar, mas reconhecer as limitações, não só físicas, como de vontade, de buscar novas tecnologias, novas coisas… Deus foi muito generoso comigo e me deu uma filha que está me sucedendo e fazendo com que eu viva mais “light” – conta Michelini.
Bibiana, a filha, é hoje administradora da propriedade em Colorado.
– Aprendi desde pequena a gostar e apegar amor pela terra, pelos animais, pelas plantas, por tudo. Então, foi um processo natural. Eu fui fazer a faculdade fora e depois quis voltar pra dar continuidade ao negócio da família – revela Bibiana.
Respeito às tradições
Na parede, a plantadeira antiga em nada tem a ver com as máquinas que estão na lavoura. A família mantém na fazenda um espaço com verdadeiras relíquias. Algumas peças têm mais de um século.
– Coisas que eram importantes pros nossos antepassados estão aqui pra quem quiser olhar. Devagarinho a gente vai organizando, né? Aqui representa grande parte da nossa família, dessa cultura, da lavoura, do tempo da pecuária. A maioria das coisas. A gente tem arreios, tem instrumentos campeiros, que a gente não sabe nem pra que serve, coisas que a gente foi aprendendo – conta a sucessora dos Michelini.
Das principais mudanças que a fazenda passou ao longo dessas cinco gerações, a tecnologia, que era aplicada na lavoura, foi a principal. E esse aspecto é prioridade na hora do planejamento.
– A tecnologia ajuda muito… Produtos novos, equipamentos modernos. Então, a agricultura hoje é um negócio quase como uma indústria, do ponto de vista de maquinário – diz Bibiana.
Agora, eles já partem para a agricultura de precisão, com o objetivo de aumentar a produtividade da lavoura.
– No solo, aqui nessa propriedade, a gente realiza a coleta através da agricultura de precisão e, posteriormente, a correção dessas manchas e acaba direcionando algum manejo específico pra cada zona de manejo de alto, médio e baixo potencial produtivo. Depois, na hora da compra, a gente acaba tomando a decisão do fertilizante mais adequado pra cada cultura – conta Germano Bratz, engenheiro agrônomo que trabalha na propriedade.
Janice Michelini diz que tem muito orgulho do marido.
– Porque eu acho que o Juliano é, assim, um batalhador, que com ele não tem ruim, não tem hora, ele está sempre pronto.
Orgulho é o que motiva também a filha Bibiana.
– Pra nós isso aqui é a nossa vida. É a nossa terra, o nosso canto. Não nos imaginamos longe disso daqui, né? Então me dá muito orgulho e a vontade e dedicação que meu pai sempre teve de fazer realmente. De estar presente, participar, de ter vontade. Ele sempre me falou que precisava ter vontade pra fazer as coisas, e ele sempre teve, e eu aprendi com ele.
Para Juliano Michelini, o essencial é gostar do que se faz.
– A gente realmente gosta do que faz, porque pra viver assim tem que gostar e nós estamos sistematicamente evoluindo, procurando novas tecnologias, novas maneiras de produzir melhor.
Ficha Técnica
Produtor: Juliano Michelini
Município: Colorado (RS)
Tipo de plantio: Direto
Data do plantio: 25/10/2012
Área plantada: 600 hectares
Previsão de colheita: 25/03/2013
Produtividade esperada: 70 sacas por hectare
Maior desafio: condições climáticas