Na sede da Universidade Federal da Grande Dourados, estiveram reunidos Flávio França Jr., consultor associado da Safras & Mercado, Almir Delpasquale, presidente da Aprosoja-MS, Ivan Wedekin, diretor-geral da Bolsa Brasileira de Mercadorias e Liones Severo, consultor de mercado do SIM Consult. No que diz respeito aos preços da soja na próxima safra, os painelistas dividiram opiniões, mas na sua maioria acreditam que os patamares não devem superar US$ 13 por bushel.
França Jr. confirma que enquanto alguns produtores acreditam em demandas mais aquecidas, há quem pense numa safra recorde e perspectivas de preços baixos.
– O mercado hoje em termos de curto prazo tem um nível de suporte na casa dos US$ 12. Não é descartada a possibilidade nas próximas semanas que se rompa esse nível de suporte. Mas pensando em 2013, os preços não vão ficar acima desse patamar.
Para França, os produtores devem trabalhar um patamar que varie entre US$ 12 e US$ 13.
A previsão do consultor foi compartilhada por Ivan Wedekin, que disse concordar com a análise. Para ele, os melhores preços da soja já ficaram pra trás:
– O que pode trazer mais volatilidade no preço da soja vai ser o clima na America do Sul. Vamos aguardar isso e o impacto dos problemas de pragas.
Segundo Wedekin, a rentabilidade do produtor será menor do que na safra anterior: seja por problema de preço, custo de produção ou a incógnita de como será a produtividade no ano que vem. O especialista lembra a previsão de safra cheia nos EUA, e a possibilidade de produção recorde na America do Sul:
– Isso significa que a produção vai gerar um certo excedente, então estatisticamente não tem porque esperar preços em 2013/2014 iguais aos da safra passada.
Mas a previsão de preços mais baixos não é compartilhada por Leonis Severo, da SIM Consult:
– Eu não acredito em preços baixos. Penso que o ponto de equilíbrio é de US$ 14,50, e nós podemos alcançar.
Severo diz que as previsões americanas de produção mundial não são precisas, e que o mundo vive um momento de escassez de soja.
Em meio às previsões para os preços da próxima safra, estão obstáculos concretos, como os altos custos de produção e a deficiência de infraestrutura.
O ataque da helicoverpa nesta safra, de acordo com Almir Pasquali, é responsável pelo maior impacto negativo na produção.
– Basicamente, o que vai mais impactar a produção de soja é o custo dos defensivos que tem subido muito. Um ponto principal é a questão dos inseticidas com a helicoberpa. De uma forma geral, a gente não tem conseguido ter uma resposta, porque não sabemos até onde seremos atendidos com produtos do governo federal.
Somado a isso, Pasquali salienta o gargalo logístico devido à precariedade dos portos brasileiros.
– Pra mim, nosso problema está nos portos. Enquanto o Brasil não resolver o problema portuário, não adianta colocar as melhores locomotivas chinesas. Os caminhões chegam lá, e ficam dias e dias parados.
O Fórum Soja Brasil desta quinta foi conduzido pela repórter Kellen Severo, que integra a expedição do projeto.