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Especialistas ensinam como identificar o percevejo da soja na produção

Utilizando técnicas adequadas, monitorando e utilizando inseticidas na hora certa, é possível controlar o temido percevejoAo longo dos últimos anos, o percevejo da soja se tornou uma das principais pragas da cultura. O inseto já provocou milhões em prejuízos em todas as regiões produtoras do grão no Brasil. Segundo especialistas da Embrapa Soja, de Londrina, no Paraná, com a utilização de técnicas e recomendações oficiais, monitoramento e inseticidas no momento adequado, é possível controlar percevejo.

De acordo com os especialistas, é preciso tomar cuidado, pois nem todos os percevejos são problemáticos para o produtor, alguns se alimentam de insetos-praga. O pesquisador da Embrapa Soja, Samuel Roggia, destaca a importância de conhecer as diferentes espécies de percevejos para garantir o manejo químico apenas quando realmente for necessário.

– Os percevejos são grupos de várias espécies de insetos sugadores que atacam diversas culturas como soja, milho, algodão, além de outras culturas – explica.

O percevejo ataca a vagem formada da soja, utilizando um aparelho bucal poderoso e projetado para furar casca, penetra o grão e provoca imperfeições e perda de peso.

– Essa praga ataca a vagem da soja, que no final das contas é o que o agricultor colhe. Ele causa um dano direto. No caso do milho, o ataque nos primeiros 20, 30 dias, pode prejudicar a correta formação da planta do grão – explica.

Desde que a cultura da soja se adaptou no Brasil, passou a fazer do grão dourado seu principal alimento.

– É possível que essa praga esteja no Brasil há muito tempo. Podemos considerar que a soja é uma cultura exótica. Quando foi introduzida, houve e ainda ocorre esse processo de adaptação da praga a essa cultura, que a cada dia aumenta a área cultivada. Nos primeiros anos se tinha uma diversidade de pragas ou uma diversidade dentro do que se tem realmente de pragas nesses limites naturais.

Roggia estima que a praga provoque até 20% de prejuízo na lavoura, caso não seja feito o controle.

–Em algumas regiões, às vezes, o controle não é tão necessário, já em outras a intensidade é tão grande que requer cerca de quatro pulverizações durante toda a safra. Há uma diversidade e variedade muito grande com relação ao ataque de uma região para outra. De um modo geral, os danos são de 10% a 20% se não tiver nenhum tipo de controle – salienta.

O pesquisador diz que o inseto se adapta melhor em regiões mais quentes.

– O ataque de percevejo é mais intenso nas regiões mais quentes, os insetos de um modo geral são regulados pelas temperaturas mais altas, o que favorece o desenvolvimento de maior número de ciclos ao longo de um ano, além de favorecer a reprodução – acentua.

Segundo o pesquisador, atualmente, o percevejo que vem causando mais prejuízos à soja é o percevejo marrom. A preferência dele, o alimento mais nutritivo, é a vagem e o grão. Mas como o inseto se mantém em diferentes culturas, é preciso ficar de olho também em outras fases da cultura.

– O percevejo se alimenta da folha e da vagem, que é onde ele encontra maior teor nutricional. A presença da vagem na planta faz com que o ciclo e a reprodução do percevejo ocorram de forma mais intensa. Então, ele ataca preferencialmente a vagem na sua forma de desenvolvimento e logo depois no desenvolvimento do grão.

Percevejo benéfico

Segundo o pesquisador, alguns insetos que habitam as plantações podem ser “amigos” da produção.

– Queremos chamar a atenção dos agricultores, pois há uma diversidade de pragas que atacam a lavoura e esse inimigo natural pode ajudar o agricultor. O inseto por menos que seja, é uma praga benéfica, pois se alimenta de pulgões e pode atacar os ovos das lagartas. Uma lavoura de aveia preta está sendo preparada para a semeadura de soja. O objetivo é visualizar exatamente a diversidade de insetos e pragas benéficas – relata.

Roggia alerta para o uso descontrolado de inseticidas nas lavouras de soja.

– Tem sido comum os agricultores usarem inseticidas em mistura com o herbicida na dessecação. Às vezes nem tem uma quantidade de pragas que justifique esse controle, mas é o que acontece em grande parte. São inseticidas de modo geral baratos, generalistas, mas acabam eliminando algumas das pragas que, às vezes, nem são tão importantes para a cultura, mas elimina grande parte dos inimigos naturais.

Como identificar o percevejo as três principais espécies encontradas no Brasil: percevejo marrom, o barriga verde e o percevejo predador:

Percevejo marrom

– É, atualmente, o principal percevejo, mais adaptado e que causa maiores preocupações para os agricultores em termos de manejo e em termo de dano o potencial para a lavoura. O ovo dessa espécie é o mais encontrado na soja. Ele é depositado tanto na vagem quanto na folha. Tem aspecto amareladinho e o número de ovos colocado mais frequentemente são múltiplos de cinco. Depois da fase de ovo, ocorrem cinco fases imaturas em que o percevejo vai aumentando de tamanho até chegar à fase adulta, fase de ninfa e de diferentes tamanhos. É importante destacar que essas ninfas e terceiros insta já tem um potencial de ataque idêntico ao do adulto. O nível de controle de percevejos é de dois por plano de batida, por metro linear, é preciso também considerar as ninfas conta como se fosse os adultos – reforça o pesquisador.

Veja as principais características do inseto adulto, para colaborar na hora de fazer a identificação.

– O percevejo tem um aspecto marrom tanto na parte superior a parte dorsal, quanto na parte inferior do corpo. É lógico que isso varia de percevejo para percevejo, mas se um modo geral eles tem uma parte ventral marrom. Ele tem uma projeção vulgarmente, que muitos chamam de “guampas” e tem duas projeções anteriores que são bem características destas espécies. Tem uma pintinha branca mais ou menos no meio do corpo dele – disse.

Um dos aspectos preocupantes do percevejo marrom é que ele tem a capacidade de hibernar. Roggia diz que eles ficam quietinhos esperando o retorno da melhor época para se alimentar.

– Os insetos se preparam durante seis meses e buscam abrigo durante o inverno. É bastante resistente aos rigores do inverno. Nos meses mais quentes ele está ativo e quando causa o ataque às culturas.

Os percevejos praga podem ser identificados também pelo aparelho bucal, ou estilete, como é chamado. É a ferramenta usada para penetrar o grão e se alimentar.

– De um modo geral, os percevejos que atacam as plantas são pragas que possuem um estilete fino e comprido. É tão longo que vai além da inserção da última perna dele e vai até a metade do comprimento da metade do corpo, mas é possível ver olhando ventralmente.

Percevejo barriga verde

É um inseto pouco expressivo se comparado à população de outros, mas já vem causando problemas.

– O barriga verde tem chamado atenção nos últimos tempos. Seus ovos são de coloração verde. Na comparação dos ovos do percevejo barriga verde com o percevejo marrom, dá para ver claramente a diferença de coloração.

Os percevejos barriga verde e o marrom são difíceis de diferenciar, segundo o pesquisador, é preciso prestar atenção.

– Após a fase de ovo, assim como o percevejo marrom, o barriga verde tem cinco fases ninfais, que tem um aspecto verde-amarronzado e são bem semelhantes com o percevejos marrom. Se comparar, é realmente bem fácil de confundir. Existem algumas ninfas claras, que são aquelas que trocaram recentemente de pele e passaram a muda recentemente, mas que ainda não adquiriram a coloração típica da espécie.

Para identificar as diferenças das espécies em campo é preciso ter um bom treinamento.

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