Especialistas respondem dúvidas de internauta do Soja Brasil sobre combate à helicoverpa

Áureo Lantmann e Lásaro Sousa Pereira explicam procedimento que usa inimigos naturais para conter a pragaNa semana passada nosso consultor Áureo Lantmann lançou um desafio e, ao mesmo tempo, uma discussão polêmica durante uma das entrevistas do Soja Brasil. No Mercado&Cia do dia 12, Lantmann recomendou que produtores usem os inimigos naturais da helicoverpa como instrumento de combate à praga.

A informação causou dúvidas ao internauta Lucas Smith Pimenta, que pediu mais informações sobre o procedimento, uma vez que os produtores se sentem inseguros em aplicar novas técnicas contra uma praga tão agressiva como a helicoverpa. Áureo Lantmann já respondeu a Lucas em nossa fan page no Facebook, e nós também contatamos o especialista Lásaro Sousa Pereira, do Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano (Gapes), para complementar as informações compartilhadas por Lantmann.

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Para começar, é importante citar quais são os predadores naturais da lagarta helicoverpa. Segundo Pereira, estão entre eles o odíptero, espécie de mosca preta que se alimenta da lagarta; um tipo de besouro ainda não identificado cientificamente; aranhas; a vespa nativa (que preda os ovos e a própria lagarta); mariposas; parasitas; e fungos que ficam no solo e adoecem a helicoverpa.

O problema é que nem sempre o produtor espera o tempo suficiente para que estes inimigos ajam contra a lagarta. Lásaro Pereira explica que a identificação da praga causa pânico nos agricultores, o que muitas vezes gera aplicação desnecessária e excessiva de defensivos químicos.

– Isto causa a eliminação dos inimigos naturais e ainda compromete a eficácia dos produtos, que em grande volume podem deixar a lagarta ainda mais resistente – explica.

A verdade é que o procedimento depende da ajuda de alguns fatores: o primeiro deles é o monitoramento constante da lavoura. Isso colabora para que o produtor consiga identificar a helicoverpa ainda a tempo de se tomar providências. “Identificadas as primeiras lagartas, é importante quantificá-las e ter paciência para o combate dos inimigos naturais. Normalmente não é possível ver o momento de predação, mas ele acontece”.

O especialista ainda explica que o produtor pode usar defensivos fisiológicos até a fase de fechamento da cultura. Este produto age no organismo da lagarta, alterando o seu metabolismo. Um dos princípios fisiológicos impede a formação da “quitina”, que protege os insetos. Sem a quitina, eles ficam mais vulneráveis. E caso o produtor encontre a lagarta, ele deve pulverizar a lavoura de forma sequencial, a fim de atingir o estado reprodutivo de helicoverpa.

– A logística de aplicação do produto (defensivo) é de fundamental importância para realização desse manejo – ressalta.

Porém Lásaro Pereira lembra que o sucesso de qualquer procedimento depende também do clima. O atraso das chuvas foi determinante na incidência da helicoverpa nesta safra. Além disso, cada região tem suas especificidades e agricultores com níveis técnicos distintos. Por isso, o monitoramento exaustivo e a calma se fazem tão importantes na hora de agir contra a praga.

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