Se o volume produtivo impressiona, o escoamento de lavouras inteiras de milhares de produtores poderia ficar em segundo plano. Para registrar o processo de transporte, o Canal Rural Na Estrada foi a campo, colocando os eixos de seu caminhão para rodar.
A jornada começou na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As lavouras de soja no Estado gaúcho tinham acabado de se recuperar da grave seca do ano anterior: foram 12 milhões de toneladas na supersafra, índice 40% maior que no período 2011/2012. As cidades de Cruz Alta e Tupanciretã, importantes na produção de grãos do Estado, foram alguns dos pontos visitados.
A produtividade atípica em 2013 serviu também de estímulo para romper com uma certa inércia estrutural da logística nacional. Com as dificuldades em fazer escoar os grãos da safra paranaense ficaram aparentes nesta parte do trajeto, em que a equipe de reportagem pode conferir o embarque de farelo de soja no Porto de Paranaguá (PR).
Deixando para trás Paranaguá, o destino seguinte foi o Paraguai, que também teve fartura no período. A produção em Santa Rita, por exemplo, era tão descomunal na ocasião da gravação, a colheita que já deveria ter sido concluída ainda estava em curso. Com grande ênfase na produção agrícola, o país teve um aumento de 14% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2012.
Em
Mato Grosso do Sul, o Canal Rural Na Estrada também exibiu a complexa logística de escoamento de grãos. Uma incursão pelo modal ferroviário ajudou a dar uma visão maior de como os produtores se adequam à situação logística sofrível.
Em Goiás, houve a oportunidade de acompanhar o transporte por três modais: rodovias, ferrovias e hidrovias. Ao mesmo tempo, a outra ponta do escoamento também é mostrada, em Pederneiras (SP).
De
Goiás, a carreta de reportagem abriu caminho para Mato Grosso, o maior produtor agrícola do país, responsável por mais de 90% dos grãos – produção colossal escoada por uma única rota rodoviária, com seis metros de largura, esburacada e com apenas um acostamento, até os portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR).
Na sequência, os 1.300 quilômetros da BR 163, de Sinop (MT) a Santarém (PA) entra em foco. A “rota de exportação dos sonhos” dos produtores de Mato Grosso afasta muitos caminhoneiros e o programa exibe o processo de pavimentação da via.
O Tocantins, mesmo com uma ferrovia que cruza o Estado e termina no porto de Itaqui (MA), tem que transportar sua produção por rodovia até o Estado vizinho antes do embarque nos vagões.
No Piauí, as condições das estradas são diversas para produtores do norte e do sul: enquanto o norte apresenta uma logística privilegiada, com caminhos pavimentados, a realidade do sul é de estradas esburacadas e de poeira. No Maranhão, o programa revela condições semelhantes às do sul do Piauí, além de passar pelo Porto de Franco (MA), uma extremidade da Rodovia Norte-Sul.
Chegando no oeste da Bahia, a realidade retratada é a dos desafios de escoar a produção algodoeira do Estado até o porto de Santos, a quase 2 mil quilômetros de distância.
Perto do final deste grande relato da supersafra brasileira, o Canal Rural Na Estrada assume um ponto de vista analítico diante de outro obstáculo que envolve a produção agrícola geral, apontando neste episódio o sério problema de déficit de 19% da capacidade de armazenagem brasileira.
Cumprido o trajeto de escoamento dos grande produtores nacionais de grãos, o Na Estrada olha para a frente e elenca os projetos mais promissores de mudança no panorâmica da logística no Brasil. Não por coincidência, as obras estão ligados à logística hidroviária e ferroviária.