O roteiro da Rota da Pecuária incluiu uma das regiões mais propícias para a pecuária de cria em Mato Grosso do Sul: o município de Figueirão, apelidado de “Areia Santa” por Rubens Catenacci, um dos grandes nomes do setor. Com quase 30 anos de seleção de gado puro de origem, a marca 3R, de Catenacci, é sinônimo de excelência quando se fala em produção de animais superiores.
Ao fato de ter produzido a única tricampeã nacional do nelore, a Bélgica 8 FIV da 3R, e também uma das principais matriarcas da raça no país, a Badalada, une-se uma coleção de títulos, que não fica só nas prateleiras da sala de troféus. Essa genética é levada para o campo, e consegue unir a ponta da pirâmide à base, através de um trabalho que é referência na produção de bezerros de qualidade.
– Eu provei que o nelore é precoce e tem muita qualidade. Isso, para mim, vale muito. Eu já abati bezerro nelore com 10 meses, machos de 14 arrobas e fêmeas de 12, com toda a qualidade de que precisamos.
A Fazenda 3R tem 7 mil hectares e um rebanho de 4 mil matrizes, que produzem em média 3 mil bezerros de corte por ano. O projeto é fundamentado em três pilares: nutrição, com suplementação desde que os animais estão ao pé da mãe; manejo, que inclui um sistema de pastejo rotacionado; e, claro, a genética diferenciada que a própria fazenda produziu.
Guiada pela Serra do Roncador, a Rota da Pecuária passou pelo famoso corredor das fazendas no Vale do Araguaia, em Mato Grosso. Na região, a genética também tem o seu valor. Em Barra do Garças, na Fazenda Vera Cruz, a pressão de seleção do rebanho sempre foi em busca de qualidade.
E um exemplo disso é o projeto para reduzir a idade reprodutiva das matrizes. As fêmeas devem emprenhar antes de um ano e meio, o que só é possível graças ao uso da boa genética. O projeto consiste em identificar essas mães precoces e multiplicá-las através da fertilização in vitro, para que a idade ao primeiro parto reduza cada vez mais.
A Fazenda Fortaleza, bem perto da Vera Cruz, também é especializada na produção de genética, tanto para touros quanto para animais de corte. São 45 anos de tradição nesse trabalho.
– O objetivo é produzir animais melhoradores a pasto. Toda a avaliação genética é medida com animais sem suplementação, porque acreditamos que, dessa forma, os animais vão expressar suas características de forma real – afirma o pecuarista Frederico Simioni.
A fazenda realiza há dois anos um dia de campo, com o objetivo de divulgar o trabalho a produtores da região e disseminar qualidade. Neste ano, o evento reuniu mais de 300 pessoas. Segundo o veterinário e consultor em gado de corte Fernando Andrade, o investimento em genética tem aumentado por necessidade.
– Hoje, o grande desafio da pecuária de corte é se tornar competitiva. Quem não mudou, está tendo que trocar de atividade – afirma.
E os números mostram que o investimento vale a pena.
– Quando você compra um animal comum, você vai ter um lucro em torno de R$ 80 a R$ 100 por hectare. Quando você passa a investir mais em genética, em um animal que é melhor ganhador de peso, é possível lucrar até R$ 400 por hectare. E o resultado pode ser ainda maior – diz Andrade.