O produtor Nelson Dal Galo passa os dias observando o desenvolvimento da lavoura de milho. A maior preocupação é a lagarta do cartucho. Ela ataca as plantas na fase inicial e, se não for completamente controlada, também pode prejudicar as espigas. Só que esta praga não deveria ser motivo de apreensão para o agricultor. Ele investiu em sementes de alta tecnologia para não enfrentar problemas deste tipo.
– Comprei semente transgênica, paguei mais caro para não ter que combater a lagarta, pois o material deveria ter resistência à esta praga – diz Galo.
Como a lagarta resistiu, Galo teve que apelar para os defensivos. Já fez três aplicações, sendo a última preventiva. Mesma quantidade que o produtor Renato Archile Martini. O agricultor também pagou caro pelas sementes e viu a lavoura de milho ser atacada pelas lagartas do cartucho.
Tanto Galo quando Martini admitem que podem ter falhado na condução do milho BT. Eles não plantaram áreas de refúgio, mas afirmam que não foram orientados corretamente sobre o melhor manejo com o produto.
Esta situação serve de alerta para as próximas safras, tanto de milho quanto de outras culturas, como a soja. Isso por que, com a chegada de novas tecnologias ao mercado, o tripé envolvendo revendas, assistência técnica e agricultores precisa estar bem alinhado. As informações devem chegar claras, de uma ponta a outra, para evitar o risco de que o tempo de vida útil destes novos produtos seja comprometido.
Representante da Monsanto, o engenheiro agrônomo Márcio Sasso reforça a importância de seguir passo a passo as recomendações técnicas Como nas lavouras brasileiras a pressão de pragas e doenças é muito elevada, qualquer descuido no manejo adotado no campo pode prejudicar a eficiência do produto.
– Em outros países tecnologias recém-lançadas já foram perdidas e que isso mostra como é fundamental o produtor seguir as orientações – fala Sasso.
Mais do que apontar culpados pela presença de lagartas em lavouras de milho BT no oeste paranaense, as lideranças da classe produtora afirmam que é hora de ir adiante e fomentar os debates sobre o assunto para garantir por mais tempo os benefícios gerados pelas novas tecnologias.