No sudoeste goiano, por exemplo, está faltando trabalhador para operar as máquinas. Em Jataí, as lavouras estão praticamente no ponto de colheita, mas ainda falta operador para conduzir máquinas e caminhões nas propriedades.
– Já tem 30 dias que estamos correndo atrás, procurando no sistema de empregos e não tem. Precisamos de três pessoas para trabalhar, dois no caminhão e um na colheitadeira – diz o agricultor e vice-presidente comissão de grãos da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Silomar Cabral.
Para não atrasar o cronograma, Cabral precisa contratar com urgência os trabalhadores temporários. Mas a demanda nesta época é alta e a oferta, quase uma raridade. Do jeito que está indo, o produtor vai ter que pagar mais caro se quiser garantir a mão de obra.
– Neste momento que estamos atravessando, se precisar pagar, vamos pagar. Não tem como, se precisamos colher, chegou a hora e temos que realizar, mas o lucro vai comprometendo. Já cheguei a fazer a conta, 80 hectares por mão de obra para o médio produtor – fala Cabral.
A dificuldade enfrentada pelo produtor é um reflexo da escassez de trabalhadores no meio rural. O problema acontece em várias regiões do país. E, no período da colheita e plantio da safrinha, fica ainda mais preocupante.
O que mais intriga os agricultores é que a remuneração paga aos operadores é bastante atrativa. Em média, três salários mínimos mais uma participação na colheita da safra, o que vai depender do tamanho da propriedade e, é claro, do nível de qualificação do profissional. Mesmo assim, encontrar mão de obra disponível neste momento não é uma tarefa fácil.
O produtor João Lindolfo planta 70 hectares de soja e 100 hectares de milho em Jataí. Há dois anos ficou mais difícil encontrar prestadores de serviço na região. O jeito foi comprar uma colheitadeira. E, para não correr o risco de enfrentar um apagão de mão de obra durante os picos da safra, contratou mais um funcionário por tempo indeterminado.
Com 26 anos de serviços no campo, o operador de máquinas Edivaldo Antonio de Lima está feliz com a contratação. Sabe que profissionais como ele são cada vez mais disputados no mercado.
– Que eu saiba não há nenhum companheiro meu desempregado hoje nesta área de lavoura. Todo mundo ta empregado. O tempo maior que você fica parado é 15 dias, no máximo. Sempre tem gente interessado no trabalho – diz Lima.
Não falta oferta de emprego e o salário compensa muito, segundo o trabalhador.
– Com certeza, hoje está bem melhor. O que a gente ganha aqui no campo, hoje, um funcionário na cidade precisa trabalhar dois meses para ganhar o que a gente ganha aqui. A valorização no campo está muito boa em relação à salário.
Diante de um cenário tão favorável aos trabalhadores, Lima não consegue entender o que está afastando a mão de obra, especialmente a mais jovem, das áreas rurais.
– A classe jovem não está querendo ir para o campo, ninguém está querendo mais ir para a lavoura. Aí é complicado, você repara que, na maioria das fazendas, não há jovem, só pessoal da segunda idade. Eu tenho dois filhos homens e eles não têm interesse de vir para a lavoura – conta Lima.