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Gliricídia tem 24% de proteína bruta e gera ganho de peso em animais

Veja o trabalho da Embrapa de Aracaju para incentivar o uso da leguminosa que acrescenta muito ao ganho de pesoNa penúltima reportagem do quadro Rebanho Gordo, veja o trabalho feito pela Embrapa de Aracaju para incentivar o uso da gliricídia, uma leguminosa que acrescenta muito ao ganho de peso dos animais. A planta faz parte também das práticas sustentáveis do projeto Sistema Agropecuário Sustentável (Siagros), que transfere tecnologias de convivência com a seca para pequenos produtores do Estado de Sergipe.​

Uma das características da planta é a alta fixação de nitrogênio no solo, que faz o capim que está por perto ficar bem viçoso. Se for ingerida pelos animais, aumenta o ganho de peso.

– A gliricídia, comparando com a adubação nitrogenada para o pasto, equivale em ganho de peso a colocar 240 quilos de nitrogênio por hectare no pasto de braquiária que estamos testando. Quando chega a estação chuvosa isso aumenta, e diminui um pouco na estação seca, mas a média dá em torno de 3,5 quilos a 4 quilos por hectare ao dia – explica o pesquisador da Embrapa José Henrique Rangel.

A leguminosa ocupa boa parte da área da fazenda experimental da Embrapa Tabuleiros Costeiros, no município de Nossa Senhora das Dores, a 70 quilômetros de Aracaju. A planta tem rápido crescimento, alta capacidade de rebrota, boa resistência à seca e é indicada para diversos tipos de manejo.
 
Além de ser uma boa fonte de proteína, com aproximadamente 24% de proteína bruta, a gliricídia é uma leguminosa perene e isso diminui os custos com a implantação. Após o plantio, por volta do segundo ano, já pode começar a ser colhida, diretamente pelo gado no sistema de pastejo ou de forma manual para ser usada como silagem, feno ou in natura.
 
Para ser armazenada em forma de silagem, as folhas começam a ser cortadas com cerca de 80 dias de crescimento e podem ser armazenadas em silos convencionais para o grande produtor, ou em tonéis, condição mais indicada para o pequeno produtor. A recomendação do pesquisador é que a gliricídia faça parte em apenas 30% do volumoso oferecido aos animais.
 
– A gliricídia é uma das alternativas mais viáveis para diminuir o custo do concentrado proteico para os animais. Ela tem um teor de proteína muito alto e com isso a gente está diminuindo bastante o uso desse concentrado proteico – pontua Rangel.
 
No município de Tobias Barreto, no agreste sergipano, a gliricídia é uma das opções forrageiras usadas na propriedade do seu José Ribeiro Trindade. Ele faz parte de um outro trabalho da Embrapa, de transferência de tecnologias para pequenos produtores. Técnicas simples como a organização do plantio, correção de solo, adequação do manejo, uso de adubo orgânico e armazenagem de alimento por meio da silagem. O Siagros usa a metodologia das unidades demonstrativas, mas com o diferencial de envolver os proprietários da terra em todas as decisões.
 
– É uma sala de aula a campo, que propõe um ambiente real de treinamento dos produtores de uma maneira participativa e que é muito mais do que tecnologias para serem mostradas. Na verdade, é uma nova maneira, um novo método de diálogo com o produtor para escutar quais são as demandas, quais são os problemas, para que a gente possa retornar com as soluções tecnológicas adaptadas as condições deles – define o médico veterinário da Embrapa Samuel Souza.
 
Em todo o Estado são cinco vitrines tecnológicas, somando quase 100 produtores atendidos. O projeto tem duração de quatro anos e o objetivo dos técnicos é que depois desse período os proprietários da terra já sejam capazes de conduzir os trabalhos sozinhos. 

Depois que adotou as tecnologias repassadas pela Embrapa, José Trindade tem conseguido manter o rebanho bem alimentando durante a seca, inclusive com aumento na produção de leite.
 
– Houve uma época que a gente pegou um verão bem firme e escolhíamos alguns animais para tratar com gliricídia, palma, silagem; uma vaca que dava 6 ou 7 litros foi para uma média de 14 litros. Então, acho que foi um resultado bom para a época. Hoje, como tem grama no pasto, você consegue tratar com gliricídia e um pouco de palma, um pouco de mandioca, de milho, isso acaba dando mais do que antes – conclui Trindade. 

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