Setor de aves e suínos já sente impacto do desabastecimentoNo sexto dia de paralisação dos caminhoneiros nas principais rotas de escoamento de grãos, os protestos chegam a sete estados e 30 rodovias.
A categoria protesta contra o aumento do diesel e os baixo preços do frete. As paralisações já afetam a produção de aves e suínos no Sul e o abastecimento de combustíveis em Mato Grosso. O governo federal poderá recorrer à Justiça para garantir a circulação nas rodovias.
Em Santa Catarina, o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), inspetor Silvinei Vasques, esteve reunido com o governador Raimundo Colombo, nesta segunda, dia 23, para comunicar as providências que a PRF pretende adotar em relação aos bloqueios promovidos por caminhoneiros e agricultores nas rodovias do Oeste do estado. Ele informou que uma força-tarefa de policiais rodoviários deverá atuar na liberação das estradas. De acordo com Vasques, todas as ações foram aprovadas pela diretora-geral da PRF, inspetora Maria Alice Nascimento Souza.
Os bloqueios nas rodovias catarinenses estão causando prejuízos para as agroindústrias e para os produtores de leite de Campos Novos a São Miguel do Oeste, prejudicando o deslocamento de cargas em toda a região. A ração e outros insumos não chegam aos produtores de frangos e suínos e as indústrias vão suspender a coleta do leite nas propriedades rurais a partir desta terça, dia 24.
Durante o encontro com o superintendente da PFR, o governador catarinense conversou, por telefone, com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o secretário-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto. De acordo com a PRF, Rossetto informou que a União deverá aplicar medidas judiciais para restabelecer o direito de ir e vir das pessoas.
Em nota, o diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, disse que a ação dos caminhoneiros “é necessária, porém, deve causar prejuízos no setor caso seja prolongada”. Segundo ele, a greve foi estratégica pois atingiu o início da colheita de soja no Brasil.
Se o transporte de grãos sofrer um atraso considerável no calendário, o impacto pode ser grande, já que vai coincidir com o transporte da safra de milho na metade do ano. Na nota, Mendes diz que pode haver aumento nos custos, mas ainda é cedo para avaliar o quanto, assim como é cedo para fazer uma comparação com as paralisações de 2013.
Paraná
A região norte do Paraná aderiu à greve. Mas lá, a principal reclamação é sobre o aumento no pedágio. Na no ponto de pedágio da BR-369 na altura de Arapongas, próximo à Londrina, a fila de caminhões passava dos 10 quilômetros, considerando os dois sentidos da rodovia. Ali, por eixo, o motorista paga R$ 6,80 de pedágio, até dezembro o valor era R$ 6,50.
O advogado e dono de transportadora na região, Felippo Oliveira, diz que os caminhoneiros não têm amparo legal na greve, mas acredita que, que pela crescente adesão, o movimento tende a ganhar mais força a cada dia. Ele é um dos que aderiram ao movimento.