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Greve influencia queda de 69% nas exportações de soja em fevereiro

Comercialização da safra termina fevereiro com venda de 40% da produção estimada, afirma consultoria AgRuralAs exportações de soja do Brasil no mês passado foram as piores para o mês de fevereiro dos últimos quatro anos, somando 869 mil toneladas, com influência dos protestos nas estradas e do atraso na colheita.

O volume exportado em fevereiro, que na prática é o primeiro mês de embarques da nova safra, ficou 69% abaixo do registrado no mesmo mês de 2014, segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) nesta segunda, dia 2.

Protestos organizados por caminhoneiros, insatisfeitos com o preço do diesel e com os valores recebidos pelo frete, começaram a afetar o transporte de grãos e outros produtos do agronegócio cerca de duas semanas atrás, com intensificação dos bloqueios em importantes rotas de escoamento na semana passada.

Os embarques de milho em fevereiro subiram 4% na comparação com um ano antes, atingindo 1,1 milhão de toneladas.

Em relação a janeiro, houve queda de 65% nos embarques do cereal, mas a redução pode ser considerada habitual, já que o milho enfrenta forte concorrência da soja nos canais logísticos de exportação.

Comercialização da safra

A comercialização da safra 2014/2015 de soja do Brasil avançou no último mês, terminando fevereiro com vendas de 40% da produção estimada, segundo levantamento da consultoria AgRural.

Após negociações lentas em janeiro, o mês passado registrou um avanço de sete pontos percentuais nos acordos, com a alta dos contratos futuros da soja em Chicago e a valorização do dólar frente ao real estimulando a comercialização.

O dólar oscilou recentemente no maior valor frente ao real em mais de uma década, disparando até negócios da próxima safra 2015/2016 no Centro-Oeste, com entrega daqui um ano. Lotes rodaram em Nova Mutum (MT) a R$ 52 a saca e em Rio Verde (GO) a R$ 57 e US$ 19.

Apesar do avanço dos negócios da safra atual, ainda há atraso de 17 pontos na comparação com os 57% da mesma época do ano passado. Segundo a consultoria, menos incertezas em relação ao tamanho da safra também contribuíram para a retomada do ritmo. A AgRural estima que a produção brasileira em um recorde de 91,9 milhões de toneladas.

A região Centro-Oeste terminou fevereiro com 49% de sua safra 2014/2015 vendida, ante 41% há um mês e 67% há um ano.

A AgRural afirma que no médio-norte de Mato Grosso, lotes com entrega em fevereiro e pagamento em abril trocaram de mãos a R$ 52 em Sorriso. Em Primavera do Leste, no sul, os produtores estão cumprindo contratos e querem esperar por melhores preços, mas mesmo assim negócios foram reportados a R$ 54, reportando vendas na região goiana de Rio Verde a R$ 59 a saca.

Colheita

A consultoria estimou que os produtores de soja do Brasil tinham colhido, até a última sexta, dia 27, 29% da área total de 31,5 milhões de hectares. Apesar do avanço de nove pontos percentuais em uma semana –o maior desta temporada até agora–, os trabalhos continuam atrasados em relação à safra passada, quando o índice estava em 39%.

Problemas climáticos que afetaram o plantio estão agora repercutindo no atraso dos trabalhos. A colheita também chegou a ser prejudicada por chuvas intensas em alguns períodos. Em algumas localidades, especialmente na região da BR-163 em Mato Grosso, a falta de diesel causada pela greve dos caminhoneiros chegou a interromper a colheita.

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