No mês de março, grande parte dos produtores rurais de soja e de milho encerrou a colheita e a boa safra esperada foi confirmada. Por outro lado, em algumas regiões do Brasil, as chuvas em excesso impossibilitaram que parte da soja fosse retirada do campo ocasionando perdas para os produtores. As regiões que mais foram afetadas pela chuva foram o sul do Mato Grosso do Sul, o sul de Goiás, o médio norte do Mato Grosso e o sudoeste de Minas Gerais.
Confiança cai, mas otimismo é mantido
Em março de 2011 o ICPRural registrou 120,5 pontos, queda de 3% em relação ao mês anterior, quando havia registrado 124,2 pontos. O resultado mostra que o produtor rural está menos confiante em comparação ao mês anterior, porém ainda otimista com relação aos negócios. A baixa observada no ICPRural foi gerada principalmente pela queda de 12% no sub-Índice Equipamentos que mede a expectativa do produtor rural para a aquisição de máquinas e implementos agrícolas. A compra de bens de capital pelos produtores deve seguir em ritmo mais cadenciado em 2011. Os sub-Índices Insumos e Preço também caíram e contribuíram para a queda do ICPRural.
Em comparação com março de 2010 o ICPRural está 45% superior. No terceiro mês de 2010 o Índice marcava 82,9 pontos e chegou a 120,5 pontos no mesmo período de 2011.
O sub-Índice Preço subiu 142% e o sub-Índice Condições Atuais, registrou acréscimo de 82% em relação a março de 2010. No entanto o Sub-Índice Equipamentos está 25% inferior. Em 2010 o produtor rural se valeu do FINAME-PSI para adquirir máquinas e equipamentos e as vendas de maquinas bateram recorde histórico. Em função destas aquisições o produtor está endividado e o ritmo de compras deve ser menor este ano. Por outro lado o sub-Índice Insumos, aumentou 20% evidenciando a maior disposição do produtor rural à compra de fertilizantes e defensivos em março de 2011 do que no mesmo período de 2010.
ICPSoja: confiança também cai
Comparativamente ao mês de fevereiro de 2011, quando atingiu 129,6 pontos, o ICPSoja caiu 3% em março e atingiu 125,5 pontos. A queda do ICPSoja foi influenciada principalmente pela queda do sub-Índice Preços que chegou a 161,7 pontos em março ante 170,3 pontos em fevereiro, queda de 5% que refletiu as incertezas com relação ao preço da soja no mercado internacional.
O sub-Índice Condições Atuais recuou 3% e ficou em 157,0 pontos. Este recuo foi reflexo das perdas registradas pelos produtores de soja em algumas regiões do Brasil: “dos 220 alqueires que plantei deixei de colher 80 (alqueires) por causa das chuvas” (produtor rural de Guaíra/SP). “O preço de venda está ótimo para quem colheu… a chuva levou toda a minha produção (de soja)”, lamenta o produtor rural de Rio Brilhante/MS.
Apresar da frustração de safra de produtores de algumas regiões, a safra atual possibilitou uma produtividade média muito boa e está remunerando bem o agricultor. “A safra atual está sendo muito boa e permite que os produtores rurais saiam do vermelho após duas safras ruins” (produtor de soja e milho de Querência/PR que obteve produtividade média de soja de 70 sacas/ha).
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O sub-Índice Equipamentos, que capta a expectativa do produtor de soja em adquirir novos bens de capitais para o negócio teve baixa de 3% e mostra uma redução na disposição de aquisição de máquinas e implementos para a safra 11/12. O sub-Índice Insumos caiu 1% e marca 107,1 pontos. Apesar da queda este valor mostra que o sojicultor esta bastante confiante para a compra de insumos para a safra 11/12, o que pode indicar uma elevação do seu nível (pacote) tecnológico. Na comparação com março de 2010 quando marcava 59,7 pontos o ICPSoja cresceu 110%. O crescimento foi puxado pela alta do sub-Índice Preço que marcava 10,0 pontos em março de 2010 e no mesmo período de 2011 alcançou 161,7 pontos. Contribuiu também para a alta do ICPSoja, o sub-Índice Condições Atuais que passou de 48,2 pontos em março de 2010 para 157,0 em 2011. O sub-Índice Insumos cresceu 20% no mesmo período.
Levantamento da safra 2010/2011
Segundo o levantamento, até o dia 31 de março, os produtores colheram 49% da área plantada de soja. O estado mais adiantado é o Mato Grosso que até a data já havia colhido 66%, seguido por Goiás com 57%. O Estado do Mato Grosso do Sul alcançou 47% e o Paraná 52%. Rio Grande do Sul e Santa Catarina colheram 21% da área de soja plantada nos dois estados. Em relação à produtividade foi identificado que, na média, os produtores obtiveram 54,3 sacas por hectare nas áreas já colhidas até o final de março.
Com relação aos contratos, até 31 de março apenas 11% dos respondentes não fixaram preço ou fixaram menos de 5% da soja que será colhida nesta safra. 66% dos produtores fixaram entre 5% e 50% do volume e 23% fixaram antecipadamente mais de 50% do volume.
Segundo a pesquisa o Estado de Goiás foi o que mais fixou o preço da soja, 45% dos produtores fixaram antecipadamente mais de 50% do volume de soja e no Mato Grosso o percentual de produtores que fixaram mais de 50% da produção foi de 30%. Para os estados do sul esse porcentual é menor, no Paraná apenas 17% dos produtores fixaram antecipadamente mais de 50% do volume de soja a ser colhido e no Rio Grande do Sul não foi registrado nenhum produtor que tenha fixado mais de 50% antecipadamente.
Em relação à antecipação da compra de insumos com preços já fixados para a safra 2011/2012, o levantamento identificou que até 31 de março 47% dos produtores de soja não tinham antecipado a compra de insumos para a próxima safra, por outro lado 31% dos produtores já haviam antecipado mais de 90% de todos os insumos as serem adquiridos para a safra de soja 2011/2012.
O estado que mais antecipou a compra para a safra 11/12 foi o Mato Grosso em que 48% dos produtores já adquiriram 100% dos insumos. Ao contrário do que fizeram os produtores mato-grossenses, no estado do Paraná cerca de 70% dos produtores de soja não haviam adquirido o pacote tecnológico para a safra 11/12 até 31 de março.
A amostra do levantamento é composta pelos informantes do ICPSoja e ICPRural.
