O ICPRural fechou em 68,4 pontos, uma variação positiva de 14% em comparação com a pesquisa anterior. Apesar do crescimento, o índice de confiança ainda está abaixo dos 100 pontos, que quando alcançado, revela o otimismo. Os dados integram o relatório “33ª Rodada Índice de Confiança do Produtor Rural”, de janeiro de 2015, elaborado pelo AgroFEA Ribeirão Preto (FEA-RP/USP), com apoio do Canal Rural.
O subíndice Preço, que mede a expectativa dos produtores com relação ao valor de venda, foi o que mais cresceu no último trimestre. Com uma alta de 61%, atingiu 76,6 pontos.
Apesar da tendência de queda do preço do milho nos últimos meses, o produtor parece já ter lido estes sinais de mercado e já não se mostra tão surpreso, o que contribui para a elevação desse subíndice. O cenário em janeiro era de R$ 26 por saca, chegando a R$ 28 no início de fevereiro. O milho safra, e provavelmente o milho segunda safra, sofrerão impactos da queda de produtividade, agravada pelas condições climáticas desfavoráveis em diversas regiões, bem como o menor nível de investimento nos cultivos de verão e inverno. Porém, com o início da colheita de soja em algumas regiões, existe a dúvida se os produtores apostarão no milho safrinha. A AgroFEA indica que, “com a elevação do preço dos insumos e oscilações de mercado, muitos produtores irão “empatar” e somente aqueles mais tecnificados terão lucro”.
Além disso, segundo entrevistados do relatório, o cultivo do algodão é desfavorável neste momento: apresenta viés de queda nos preços internacionais, menor nível de investimento atual, abalado por quebra da safra 2013/2014, principalmente no Oeste da Bahia.
O segmento de Equipamentos apresentou queda. Fechou o índice com 54,7 pontos, 6% menor do que a última avaliação. Como o cenário econômico e o clima estão instáveis, o produtor rural ficou receoso de investir no momento. Além disso, o crescimento da taxa de juros e arrego de diversas linhas de financiamento influencia esse cenário.
O indicador de Insumos foi outro com variação negativa. O custo de produção se revelou a principal queixa dos agricultores entrevistados nessa rodada, principalmente pela influencia do mercado de câmbio, próximo a R$ 2,70. Além do preço alto, alguns focos de ferrugem asiática já foram detectados em diversas regiões do Centro-Oeste, impactando na expectativa do produtor com relação ao consumo e ao preço destes insumos.
O subíndice Condições Atuais teve uma resposta 33% mais positiva, chegando a 65,3 pontos. A expectativa de melhora no tempo e chegada de chuvas mais regulares, anunciadas pela meteorologia, são motivações para os produtores esperarem uma produção melhor com relação à safra passada.
IPCSoja
O custo dos insumos e o tempo seco em quase todas as regiões do país estão sendo os vilões dessa safra, pois diminuem a produtividade e a margem de lucro do agricultor. O valor do dólar no mercado é algo que mantém a esperança de bons resultados na venda, já que está bastante elevado comparado com as safras anteriores, porém, o câmbio alto tem impacto direto nos custos dos insumos e maquinários: segundo os entrevistados, “a incerteza no setor ainda ronda”. A primeira colheita do ano tende a ser melhor para os sojicultores, segundo o ICPSoja, que fechou em 72,1 pontos, cerca de 19% superior ao trimestre passado.
Preço
O indicador de Preço foi o que mais subiu, mas continua sendo o pior em pontos, com 53,1. Isso é bastante preocupante e retrata a insatisfação dos produtores com a desvalorização da cultura, devido à previsão de supersafra de grãos nos Estados Unidos, crescimento dos estoques mundiais de grãos e crescimento pequeno no consumo global. Porém, após três semanas de queda em Chicago, o atual cenário faz com que diversos países, principalmente da Ásia, exerçam pressão de compra de soja nos Estados Unidos no cenário atual, movimentando o preço da soja para cima. Esta movimentação faz com que o produtor de soja tenha maiores expectativas sobre os mercados futuros para a soja.
Equipamentos
O subíndice Equipamentos teve o pior crescimento, apenas 8% em relação à rodada passada. Boa parte dos produtores investiu em máquinas usadas, mas ainda com muito receio de ficar com prejuízo devido às vendas com baixo valor. A categoria Insumos o resultado foi muito satisfatório. Com um aumento de 9%, o índice de confiança voltou a ser positivo e acabou ficando com 104,4 pontos. Apesar do custo muito elevado, o uso de fertilizantes e defensivos é indispensável. Os entrevistados afirmaram que é melhor reduzir a área plantada do que correr o risco de perder a produção para pragas. Esse aumento refletiu muito na produtividade, que foi bastante comentada pelos sojicultores. Segundo esses mesmos produtores, o tempo está bastante seco e eles ainda esperam que até o final do mês de fevereiro as condições climáticas favoreçam a última parte das colheitas.
Condições Atuais
O subíndice Condições Atuais aumentou um total de 29% chegando a 66,2 pontos. Assim como exposto no ICPRural, o fator climático e o custo da lavoura foram as queixas mais frequentes dos entrevistados, principalmente dos produtores do Paraná, além do preço baixo.
O ICPSoja melhorou se comparado com o resultado de outubro, mas está extremamente baixo quando comparado ao mesmo período do ano passado. A falta de incentivos governamentais, a preocupação com a escassez de água, a produção internacional, e os custos de produzir vem dificultando cada vez mais o trabalho dos produtores de soja. Muitos deles afirmam estar receosos, mas apostam em uma melhora gradativa.
>> A confiança do produtor é avaliada por questões que abordam a sua intenção de compra de insumos (defensivos e fertilizantes), equipamentos e implementos agrícolas, sua avaliação sobre o preço do produto cultivado e percepções sobre as condições atuais do seu negócio. O ICPRural e o ICPSoja se desdobram em subíndices que refletem a expectativa para cada um desses tópicos. Os índices são apurados pelo AgroFEA Ribeirão Preto em entrevistas telefônicas com base em uma amostra representativa de produtores de soja, milho, cana, café, arroz, citros e algodão em 16 Estados brasileiros. A coleta é realizada entre o primeiro e o último dia útil do mês e a divulgação é trimestral.