A segunda reportagem do projeto Rota da Pecuária, que foi ao ar nessa quinta-feira, no Jornal da Pecuária, mostrou alguns exemplos de integração entre atividade agrícola e criação de gado.
Além de um gigante na pecuária, detentor do maior rebanho bovino do país, com quase 29 milhões de cabeças, Mato Grosso também é uma potência quando se fala em produção de grãos: 31 milhões de toneladas. A Rota da Pecuária passou por Campo Novo do Parecis, no oeste do Estado, o município que mais produz milho pipoca e girassol. Lá, a equipe encontrou agropecuaristas que aprenderam a unir as duas atividades.
Um exemplo é Dalmar Rolim, da Missões Agropecuária. Na fazenda, de 6 mil hectares, com 500 hectares de pastagens permanentes e 4,2 mil hectares de lavoura, o projeto de integração foi iniciado há uma década, e é voltado para melhorar a alimentação dos animais após a desmama. O gado permanece na pastagem por um ano, antes de entrar para o confinamento. A área de ruziziensis, considerada uma das braquiárias de melhor paladar para os animais, foi plantada em março deste ano, logo após a colheita da soja. Três meses depois, o resultado é uma grande oferta de forragem, onde serão colocados cinco bezerros de 190 quilos por hectare.
– O bezerro entra aqui com média de 190 quilos. Nesse ano que ele fica aqui, ele ganha 600 gramas por dia. Isso resultada em uma produção de 22 arrobas por hectare, até 25 arrobas por hectare, e ele entra no confinamento com 400 quilos – afirma Rolim.
E, como acrescenta Rolim, os benefícios não ficam só com a pecuária:
– Depois de dois anos de pastagem, quando a soja retorna, observamos um ganho de cinco a sete sacas por hectare nessa área de soja. A integração lavoura pecuária é social, econômica e ambientalmente correta.
Próximo às águas cristalinas do Rio do Sangue, também em Campo Novo, a equipe visitou a Fazenda São Francisco do Sucuruína, com pouco mais de 1,8 mil hectares, 700 dos quais dedicados ao pasto e o restante a lavouras. Há cinco anos, uma área de soja também é usada para a integração com a pecuária. Sobre a lavoura, o agropecuarista Jesur José Cassol optou por plantar capim sudão. Um sistema de engorda barato e eficiente para a vacada de descarte.
– O capim sudão é um capim muito resistente à seca. É um capim rápido com volume bastante grande e também bastante resistente ao pastoreio. Além disso, ele rebrota muito facilmente – afirma Cassol.
Na mesma propriedade, com solo arenoso, uma outra área de 70 hectares, perto da degradação, foi recuperada com a integração. O capim piatã foi plantado logo depois da colheita da soja, em março deste ano. A expectativa é de ocupar a área com quatro unidades animais por hectare.
– Essa lotação pode ser usada agora na seca. E depois vai ser um pasto definitivo. Faremos um pastejo rotacionado juntamente com outros pastos da área de alimentação.
Já em Nova Xavantina, no Vale do Araguaia, uma das regiões mais fortes de pecuária do Estado, a integração também é uma realidade.
– Atualmente, temos um plantio de soja de perto de 1,2 milhão de hectares na região, com um potencial de 3,5 milhões de hectares de pastagem que vão se tornar integração lavoura-pecuária, ou vão entrar no sistema novas tecnologias – afirma.
A Fazenda Vera Cruz é um exemplo dessa transição. Com 28 mil hectares e um rebanho de 20 mil cabeças em sistema de cria, ela produz 300 touros e 4,5 mil bezerros comerciais por ano. Agora, o pecuarista Jairo Machado Carneiro parte para a integração com a agricultura. Com a soja já armazenada para ser comercializada, parte da lavoura foi destinada à integração com ruziziensis. O pasto de 750 hectares já está pronto para receber a vacada vazia, e também bezerras desmamadas. Durante todo o período de estiagem, o local deverá abrigar 4,5 mil cabeças.
– Temos uma expectativa de um ganho de 400 gramas por dia, durante a se. Não ocorrerá o efeito sanfona, nem na categoria de desmama nem no animal que precisa de peso para entrar na estação de monta – afirma Carneiro.