O produtor Ivan Fernando Hirsch até há bem pouco tempo não trabalhava com agricultura. A entrada dele no negócio coincidiu com um momento delicado para o setor: encontrar a alternativa correta para prevenir e combater a lagarta helicoverpa que vem causando grandes prejuízos nas lavouras de soja.
– Toda a cautela foi necessária, pois encontramos algumas dezenas delas – conta o produtor.
Toda preocupação está resgatando em Rolândia, no Paraná, um programa desenvolvido pela Embrapa que já andava esquecido. O manejo integrado de pragas (MIP) vem trazendo o agricultor de volta para a lavoura. Os olhos atentos do dono, a assistência técnica correta e o método do pano de batida são os pilares do plano integrado de pragas.
– O MIP é uma alternativa que pode gerar tanto ganhos econômicos como ambientais, e com uma boa produtividade. Porém, o produtor tem que se propor a fazer um trabalho monitorando suas áreas com a batida de pano. É isso que falamos para o produtor: que ele faça o monitoramento constante utilizando o pano de batida para que possa ter parâmetros de tomadas de decisões dentro da sua área para fazer o controle – afirma o técnico agrícola do Sindicato Rural de Rolândia Antônio Carlos Mendonça.
O teste do pano de batida faz a média da quantidade de lagartas presentes na lavoura. Se a cada metro houver menos de quatro lagartas na fase vegetativa e menos de duas na floração, o agricultor não tem que aplicar defensivo. Hirsch até agora não precisou recorrer ao produto.
– Se você está fazendo um acompanhamento do manejo na batida de pano, você consegue protelar uma aplicação lá na frente. Isso vai reduzir seus custos – diz Hirsch.
Os testes devem ser feitos pelo menos uma vez na semana.
– Estamos orientando a fazer pelo menos uma vez na semana na fase vegetativa. A partir da fase vegetativa que entra a partir da floração, fazer o monitoramento pelo menos duas vezes na semana. Em áreas maiores, é necessário fazer pelo menos uma batida de pano por hectare, seguindo a proposta da Embrapa, de que são quatro lagartas por metro na fase vegetativa e duas por metro na fase de floração – diz Mendonça.
Daniel Rosenthal é uma exceção. O agricultor de Rolândia nunca deixou de aplicar o manejo integrado. Ele conta que o MIP andou tão esquecido, que tinha até dificuldade para conseguir o pano realizado nos testes. Mas ele não desistiu. Continuou monitorando, e, por enquanto, a helicoverpa é uma inimiga controlada na plantação.
– Nós sempre utilizamos o manejo integrado de pragas porque realmente nós trabalhamos no limite. Nossas margens são muito pequenas e nós temos que tomar muito cuidado, também com a questão ambiental. O comprador externo vai vir no futuro e comprar um produto que seja produzido de forma correta – afirma Rosenthal.