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França abriu o painel apresentando um resumo do cenário para o mercado da soja neste ano, analisando os principais fatores em jogo nesta temporada: os preços em Chicago, as mudanças na política econômica dos Estados Unidos, o câmbio, o clima, a oferta e a demanda.
– Chicago está com preço mais conservador, para esse preço disparar, precisará acontecer uma perda acentuada em algum lugar da América do Sul, que ainda precisa colher cerca de 40% da soja nas próximas seis semanas – afirma o consultor.
O consultor da Safras & Mercado ressaltou que este perfil conservador de preços de Chicago está com preço razoável. Além disso, os Estados Unidos retiraram subsídios econômicos neste ano e esta mudança deve afetar o câmbio, também de forma favorável aos produtores brasileiros.
Os fundamentos do mercado não devem sofrer grandes alterações, a menos que haja alguma alteração muito grande nas condições climáticas nas próximas quatro a seis semanas na América do Sul, que ainda quase metade de sua safra para ser colhida. A safra americana fechou com 90 toneladas, apesar de expectativas baixistas durante o segundo semestre do ano passado por conta da seca.
Na América do Sul, onde a colheita ainda está em andamento, a expectativa é de que a colheita encerre com cerca de 160 mil toneladas, contra 146 milhões colhidas no ano passado – um aumento de 10%. Mas, mesmo com aumento da oferta, os preços devem ser manter positivos para o produtor, segundo França Jr., pois a economia mundial deve crescer entre 3% e 4%, e, com isso, há expectativa de que o consumo do complexo soja cresça entre 5% e 6%.
– Os estoques dos EUA se manterão ajustados em torno de quatro milhões de toneladas até pelo menos outubro, que é um estoque baixo. Pelo sétimo ano consecutivo, permanecerão apertados, o que significa que o mercado tem um colchão, um suporte que impedirá que os preços caiam acentuadamente em relação ao padrão médio de Chicago, que está em torno de US$ 12 o bushel.
O consultor da Safras & Mercado não acredita, no entanto, que seja possível voltar ao patamar de US$ 14 a US$ 16 o bushel, como no ano passado.
– Não temos elementos para afirmar isso.
Prêmio exportação
Com relação aos prêmios para os exportadores, França diz que os valores ainda devem ser negativos na colheita, como foram no ano passado, mas deverão ser um pouco melhores do que o oferecido no auge da colheita de 2013, quando os prêmios chegaram a R$ 0,80 negativos.
– Todos têm na memória o caos logístico do ano passado e há uma enorme preocupação de que algo do gênero se repita este ano, principalmente porque teremos volume maior de soja, mas há elementos que sugerem uma situação um pouco menos dramática – diz França.
Embora não tenha havido mudanças na estrutura de portos, estradas, rodovias e ferrovias, o cronograma de embarques deve ser diferente neste ano. Cerca de 40% da safra de soja já foi vendida, em 2013, esse volume estava em 60% nesta mesma época do ano.
– Os importadores, temendo o caos do ano passado, se preveniram e escalonaram mais as compras. Portanto, não teremos a mesma concentração de embarques que tivemos no ano passado. Também não teremos o mesmo volume de embarque de milho, que entrou junto com a soja no ano passado e embolou os portos entre março e maio.