A equipe do Rota da Pecuária esteve no norte de Mato Grosso, onde a praga ganhou força nos últimos cinco anos.
A vegetação típica de um dos biomas mais ricos do planeta acompanhou a equipe pela estrada até Juara, no norte de Mato Grosso. O local reúne o maior rebanho bovino do Estado, com quase 1 milhão de cabeças. Nessa terra também predomina o boi verde, criado totalmente a pasto. E é por isso que um problema vem tirando o sossego dos criadores da região.
– Se estivermos reunidos em cinco ou seis pecuaristas, você pode ter certeza de que estaremos falando da morte do braquiarão – afirma o pecuarista Etso Rosolin.
A equipe do Rota da Pecuária visitou a Fazenda Bonsucesso, de 1,5 mil hectares. Do total, 15% está comprometido pela praga, que deixa o campo com manchas secas. E essas manchas se alastram pela propriedade.
Ainda não há consenso entre os especialistas sobre as causas da morte súbita da braquiária.
– A única coisa que conseguimos resolver é que, dentre as braquiárias, a única variedade ainda resistente é a MG5, às vezes consorciada com panicum, que é mombaça – afirma o ténico agrícola Jacir Montagna.
Como o controle ainda é difícil, a alternativa encontrada por muitos produtores é esperar que grandes áreas se percam para, então, iniciar uma reforma. As entidades do setor, como a Associação dos Criadores do Vale do Arinos (Acrivale), têm orientado os pecuaristas a investir na reforma e na rotação de culturas.
– A Acrivale, juntamente com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrocupecuária (Embrapa) de Sinop, temos tentado trazer uma solução para esses produtores. Nas áreas onde é possível a integração lavoura-pecuária, o problema está quase sanado. Com a reforma de pastagem, a incidência de morte de braquiária quase que não acontece mais – afirma Fernando Conte, vice-presidente da Acrivale.
A reforma foi a solução encontrada por Antônio Carlos Rangel, da Fazenda Santa Rita de Cássia. Rangel perdeu metade dos 1,5 mil hectares de pastagens que possui.
– 50% da área de pastagens eu tive que reformar, mecanizar e colocar outro tipo de capim. É violento o prejuízo, e praticamente sem apoio nenhum do governo – afirma Rangel. A reclamação de falta de ajuda é comum entre os produtores, pois os gastos com a reforma podem chegar a R$ 2 mil por hectare.