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Palma forrageira alimenta gado criado no sertão nordestino e garante rentabilidade

Última viagem do quadro Rebanho Gordo foi ao Nordeste e mostra os recursos utilizados pelos criadores locais para vencer a secaO quadro Rebanho Gordo está na reta final e na última viagem a equipe do Jornal da Pecuária foi ao sertão do Nordeste, para ver como os pecuaristas convivem com a seca. 

Uma das estratégias baratas e de maior resultado é o uso da palma forrageira, que está presente em quase todas as propriedades de quem decide viver e produzir nesta região, sabendo que a seca sempre vai vir.

O abastecimento com caminhões pipa e a construção de reservatórios são alternativas para essa convivência. Na fazenda de César Mastrolorenzo, no município de Itatim, no centro norte baiano, próximo a Feira de Santana, os tanques construídos sobre as imensas pedras, chamadas de lajedo, são algumas dessas estratégias. A escassez de água é a origem de todos os outros desafios. Produzir leite ou carne por aqui é uma tarefa difícil. Mas que foi amenizada com a utilização da palma forrageira como fonte de alimentação para os animais.

– Antes da palma o sertão da Bahia era um sertão que não produzia. Agora, com a palma, parece que a gente encontrou um rumo – diz o produtor rural.
 
De origem mexicana, a planta da família dos cactos se adaptou bem ao clima semiárido brasileiro, porque não necessita de muita umidade para produzir. Em situações de manejo intensivo, a palma pode alcançar, por hectare, produtividade de matéria seca e de energia maior do que a cana-de-açúcar e a silagem de milho. Além de ser uma boa fonte de água para os animais.
 
– A palma é muito importante pra nós e pros vizinhos, porque conserva os bichos pra não deixar morrer. Já tivemos muito prejuízo, porque não tinha a palma. Agora tem, está despreocupado – garante Edvaldo da Silva Cardoso, gerente da fazenda Casa Nova, no município de Iaçu, na mesma região da Bahia.
 
Apesar da rusticidade, para produzir bem, a palma deve ser plantada em solo fértil e receber adubação adequada. Dependendo do tipo da cultivar e do desenvolvimento da planta, a colheita começa a partir do primeiro ano depois do plantio. Cardoso prefere colher a planta depois do segundo ano do plantio, porque, de acordo com ele, a folha tem mais massa e menos água.
 
– Com a massa é mais forte. Fica mais velha, fica mais forte pro bicho comer – recomenda.
 
Na fazenda onde Cardoso trabalha, a palma completa o cardápio das vacas nelore P.O durante os meses mais secos do ano. 

A palma chegou ao Brasil no fim do século 18 e, com tanto tempo de uso, o nordestino já aprendeu a lidar com esse alimento tão importante para a região. Mas ainda existem desafios, tecnificar a produção é um deles. O plantio e o corte são feitos manualmente, o que emperra a produção em escala e aumenta os custos.
 
No sistema de plantio convencional, como é feito na fazenda de Mastrolorenzo, um hectare de lavoura rende em torno de 200 toneladas de palma. Ele estima que o custo de produção, por hectare, é de aproximadamente R$ 3 mil.

– A gente consegue plantar um reboque por dia, 1.500 quilos de palma. Pra colher, a gente consegue mais, a gente consegue uns seis mil quilos de palma por dia, porque o plantio é sempre mais difícil – conta o trabalhador rural Valdemir Maia dos Santos.
 
Na fazenda de Mastrolorenzo, são os animais da raça sindi que se alimentam com a palma. A forrageira é triturada junto com o mandacaru, cacto natural da caatinga, e oferecida com feno e sal mineral. Por ser bem aceita pelo gado e conter muita água, a palma deve ser colocada por baixo do feno, para garantir que os animais comam o volumoso e não tenham problemas como timpanismo e diarreia.
 
– Se a gente botar o feno por baixo e depois a palma, ele come só a palma e deixa o feno por último. A gente coloca assim, que primeiro ele pega o feno e depois a palma – ensina Denilson de Jesus Lima, tratador.
 
Cada animal adulto come em torno de 40 quilos de palma por dia. Porção suficiente para que o gado não apenas sobreviva ao período de seca, mas se mantenha em condições produtivas, dando lucro e qualidade de vida ao sertanejo.
 
– Nós estamos aqui numa seca de quatro anos já, e você vê esse alimento e consegue desenvolver ele pra produzir leite. É uma coisa assim, extraordinária pro sertão – comemora o produtor Mastrolorenzo.

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