– A região é toda formada por área íngreme. É uma serra, formada por áreas declivosas, não sendo possível fazer outra coisa, como usar áreas planas para pastagem. Pode-se fazer outro uso da área íngreme, mas não tem lugar para colocar o gado – aponta o zootecnista da Coordenadoria de Assistência Técnica Rural (Cati) de Bragança Paulista Emanuel Haddad.
O produtor rural Ede Ferreira cria cerca de cem cabeças de gado da raça girolando em uma área de 90 hectares em Joanópolis, São Paulo. Os animais se alimentam em um terreno íngreme, para o qual o acesso é possível somente com uso de trator. Na propriedade, as áreas de pastagens dividem espaço com pontos de mata.
– Não fiz desmatamento, não causei nenhum dano ambiental. Está do jeito que eu comprei – explica.
Segundo especialistas, a situação é comum entre produtores da região e também do Vale do Paraíba, também na Serra da Mantiqueira, onde a produção de leite ultrapassa os 118 milhões de litros. A região de Bragança Paulista acrescenta cerca de 65 milhões a este total. De acordo com Haddad, a produção nas duas áreas pode cair pela metade.
– Há muitos anos, a pecuária leiteira paulista já está migrando para Goiás, principalmente, que é uma área plana, onde se encontra mais facilidade. Acredito que vá extinguir praticamente toda a produção e passará para outros Estados. Será difícil continuar – avalia.
Ferreira calcula que, para regularizar sua situação, terá perdas significativas, com risco de inviabilizar sua produção, que hoje é de 300 litros de leite por dia.