Pequenos produtores de Estação (RS) fundam cooperativa e resolvem problemas de armazenagem

Iniciativa garante segurança, comercialização atrativa e redução de custos de transporteO Projeto Soja Brasil, que desde o mês de outubro vem acompanhando a realidade de grandes produtores da região Centro-Oeste e região Sul do país, mostra a união de pequenos agricultores gaúchos. Cansados de enfrentar dificuldades, entre elas, de armazenagem, fundaram uma cooperativa e mudaram a própria sorte.

No pequeno município de Estação, ao norte do Rio Grande do Sul, a equipe Soja Brasil encontrou pequenos agricultores com propriedades, em média, de 150 hectares.

– Meu pai começou em 1955 com a lavoura, e de lá para cá enfrentamos todos os problemas – conta o agricultor Sidnei Belledelli.

Um dos maiores problemas sempre foi a falta de armazenagem. Há pouco mais de dez anos, pequenos produtores como Belledelli tinham como única opção ficar nas mãos da maior cooperativa da região.

– Bem complicado, porque tu não tinhas outra opção. Era ali e ali, e não tinha outra escolha. Todo mundo vendia no dia que ele queria, e depois a cooperativa fazia um racha da sobra, e virava no que chamava de preço médio – conta.

A realidade mudou a partir de 2002. Cansados de enfrentar dificuldades, os produtores se uniram e criaram uma cooperativa. Onze anos depois, a situação é outra.

A Coopergrão reúne 33 cooperados, todos pequenos agricultores com áreas que variam entre 150 e 700 hectares. A grande vantagem é a capacidade de armazenagem, hoje suficiente para guardar 183 mil sacas.

– O principal benefício é a segurança, o produto está armazenado aqui, o produtor sabe onde está o seu produto, autoriza a venda do produto. O produto não é vendido antes de o produtor autorizar. E a questão de preço, a gente consegue barganhar a questão de 10% a 15% no preço a mais de venda do produto – explica o presidente da Coopergrão, José Artur Bortolini.

A vantagem é também logística. Armazenando o produto, o escoamento pode ser feito fora do período de maior movimento, quando o frete é mais caro.

– A gente conseguindo armazenar, consegue barganhar na janela final que é em outubro, novembro, dezembro, que é onde a gente sabe que tem a safra de Mato Grosso. Mas a gente consegue barganhar um pouco melhor com o milho aqui do RS. Então, mantendo armazenado a gente vai conseguir esta comercialização mais no final de novembro, dezembro, onde consegue o preço um pouco melhor – afirma o gerente de vendas cooperativa, Vinicius Bagestan.

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Rio Grande do Sul é o Estado com a maior capacidade de armazenagem do país.

– Esta capacidade de armazenagem do gaúcho e da região Sul, na verdade, dá uma possibilidade de barganhar preço, segurar o produto, pegar um preço melhor, um câmbio melhor, um mercado melhor. Sem dúvida, faz parte do ganho deste produtor gaúcho – avalia o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez.

Ronaldo Brandalise, que passou pelas mesmas dificuldades e também foi cooperado, deu um passo à frente: investiu em armazenagem própria. A primeira estrutura foi montada há sete anos, e hoje há cinco silos na fazenda:

– Muda, porque nós estamos agregando valor no nosso produto. E tendo a qualidade superior aquela que nós tínhamos. Estamos fazendo a nossa qualidade.

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>> Assista aos vídeos de Armando Portas, o Consultor GSI, sobre armazenagem