– A gente está tendo bastante dificuldade com o controle dos percevejos e o impacto, se não for cuidado, pode ser muito grande. Na soja, acredito que seja em torno de 30% – diz.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja, Samuel Roggia, o maior problema do percevejo é que seu alimento preferencial está na vagem, no estágio reprodutivo da planta. O problema atinge diretamente na rentabilidade do produtor naquele que é o objetivo final da produção: o grão.
– O percevejo pode atacar e se alimentar mesmo da folha, mas é mais preocupante quando ataca a vagem que contem o grão, onde o inseto encontra maior teor nutricional. A presença da vagem na planta faz com que o ciclo e a reprodução do percevejo ocorram de forma mais intensa. Os danos na lavoura podem chegar até 20%. É óbvio que, em algumas regiões sequer é necessário o controle dos percevejos, já em outras regiões a intensidade é tão grande que requer cerca de quatro pulverizações durante toda a safra para o controle dessa praga – salienta o pesquisador.
Para evitar prejuízos maiores, o produtor garante que não deixa o número de insetos na plantação aumentar e entra com o defensivo mais cedo.
– A gente costuma fazer o controle desde o início apesar de que as pesquisas não recomendam isso. Mas se achar o percevejo desde o início, é melhor para evitar a procriação e alta população – diz Pallaro.
Os pesquisadores não aconselham o controle químico muito cedo. Essa recomendação tem como principal razão a manutenção dos insetos que são inimigos naturais das pragas nas lavouras. O pesquisador da Embrapa critica a prática de entrar com o inseticida cada vez mais cedo. A empresa recomenda a aplicação do defensivo apenas após o monitoramento apontar mais de dois percevejos por metro quadrado.
– Se houver a necessidade da aplicação de utilização de inseticidas para proteger a lavoura, o agricultor deve fazer, mas isso precisa ser feito com base em critérios técnicos, com base na amostragem, na detecção no combate da praga, além de também ajudar o agricultor por optar o produto melhor a ser utilizado e qual a maneira – explica Roggia.
O responsável técnico da Cocamar Floresta, Antônio Ramires, acredita que além dos resultados de pesquisas, o produtor precisa de mais motivos para realizar o controle do inseto de acordo com as recomendações oficiais.